Título: Petrobras utilizará equipamentos adaptados para a região do pré-sal
Autor: Lorenzi,Sabrina ; Monteiro,Ricardo Rego
Fonte: Gazeta Mercantil, 06/05/2009, InfraEstrutura, p. C7

6 de Maio de 2009 - Um desafio para a metalurgia brasileira: o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, afirma que os equipamentos necessários à produção da nova fronteira terão de ficar submersos em vez de flutuar na superfície como ocorre atualmente. As técnicas de produção já são conhecidas e presidente da estatal não aposta em mudanças tão significativas para adaptar os métodos aplicados em águas profundas para os milhares de quilômetros do pré-sal.

"Podemos otimizar o uso dos equipamentos, aumentar a automação, diminuir a corrosão, mas o básico está definido. Então, o que vai mudar? Primeiro, a tendência é que haja mais equipamentos submersos, com menos equipamentos na superfície", afirmou o executivo da Petrobras à Gazeta Mercantil.

A maior distância entre a plataforma e os poços (de cinco a seis mil metros de profundidade) forçará a Petrobras e as petroleiras que atuam no pré-sal a "afundar" seus sistemas de produção, de modo a evitar desequilíbrios. Isso exigirá materiais mais resistentes à ação do mar.

Outra inovação que está sendo estudada no pré-sal é redução do número de poços e do total de plataformas de produção, por questões de custo.

"Se eu tenho um poço que pode produzir 50 mil barris/dia, com dois poços eu posso produzir 100 mil barris/dia. Mas se o poço só pode produzir 10 mil barris/dia, eu vou precisar de 10 poços para produzir 100 mil barris por dia. Se o poço só pode produzir 5 mil barris por dia, eu vou precisar de 20 poços. O elemento central para definir isso é a produtividade do poço", disse Gabrielli. "O problema central não está na plataforma. O problema central nosso é: qual a capacidade de produção de cada poço", completou.

Reinjetar o gás

A Petrobras também estuda como reinjetar o gás carbônico para os poços, já que a presença do gás é quase dez vezes maior no pré-sal do que em um campo comum. "A técnica de reinjeção de gás, e especialmente de gás carbônico, é uma técnica muito positiva. Essa é uma das discussões que estamos tendo, mas isso vai depender do conhecimento obtido com os testes de longa duração, que vão calibrar essa solução", afirmou o executivo. "Objetivamente, se nós injetarmos gás carbonico, além de termos um benefício para a natureza, vamos aumentar a produção de petróleo. Você injeta o gás carbônico, e aumenta a produtividade", acrescentou Gabrielli.

Mais nove sondas este ano

A exploração do óleo de Tupi implica na produção de significativo volume de gás natural. A produção vai ser levada para sistemas de produção de campos já existentes em Santos. "Temos a solução do piloto, que nós temos um limite de 500 mil metros cúbicos/dia de queima. Para o piloto, vamos provavelmente fazer um gasoduto de Tupi até Mexilhão, de 200 e poucos quilômetros, e para o pico da produção, ainda estamos estudando, porque depende de uma série de informações que não temos claras. Por exemplo: qual é a relação CO-2/gás natural no gás de Santos. Essa é uma das informações que vão ser respondidas pelo teste-piloto, mas não só. Também as outras perfurações que vamos fazer", disse. "É bom lembrar que estamos recebendo nove sondas de perfuração este ano", completou.

O executivo disse que a empresa ainda não teve como avaliar a produção de Tupi com apenas quatro dias de operação. "Vamos saber como vai ser a dinâmica de fluidos, como reage a temperaturas e pressões; nós vamos saber como o reservatório se decompõe ou não se decompõe, qual a arquitetura necessária, qual é a geometria da inclinação dos poços; como é que vai ser a alocação dos poços em função das diferentes gradiências de profundidade. Isso você só sabe fazendo".

Gabrielli avalia que o governo não tem pressa para explorar o pré-sal não licitado, mas sim para elaborar o marco regulatório. "Não, a pressa reside na necessidade de se definir um rumo para o futuro. Porque o nosso plano prevê investimentos de US$ 29,8 bilhões até 2013, no pré-sal; vamos ter 219 mil barris por dia, só, até 2013. Até 2020, a previsão hoje, nossa, com a tecnologia e o conhecimento de hoje - que vai mudar provavelmente com o alcance do nosso teste de longa duração - é de US$ 111 bilhões até 2020. E vamos obter em torno de 1,8 milhão de barris por dia do pré-sal que nós, só o que está sob concessão. Vamos dobrar a capacidade atual só com o que temos nas Bacias de Santos e Espírito Santo, no pré-sal".

(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 7)(Sabrina Lorenzi e Ricardo Rego Monteiro)