Título: Banco Central interrompe queda do dólar
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Fonte: Gazeta Mercantil, 06/05/2009, Finanças, p. B2

6 de Maio de 2009 - Após iniciar o pregão de ontem com tendência de queda e atingir a mínima de R$ 2,10, o dólar inverteu rumo e fechou o dia em alta de 0,85%, vendido a R$ 2,148. O operador de câmbio futuro da Finabank, Ovídio Soares, atribuiu a virada da moeda em grande parte a intervenção do Banco Central (BC). Em oferta pública, a autoridade monetária colocou todos os 67,6 mil contratos ofertados, movimentando US$ 3,412 bilhões. Neste tipo de operação, o BC dá às instituições financeiras a variação de juros e recebe, em contrapartida, a variação do dólar. Isto na prática corresponde a uma compra de dólares pelo BC.

"No leilão, o BC comprou dólares do mercado, sinalizando que não quer uma taxa muito abaixo de R$ 2,10. Me parece que um bom nível seria entre R$ 2,10 e R$ 2,40", avalia Soares. Segundo ele, como a moeda caiu bruscamente na última sessão e tem contratos de swap para vencer no início de junho, a autoridade monetária aproveitou o momento para antecipar essa rolagem.

As perspectivas favoráveis de uma possível retomada no crescimento econômico mundial, após números animadores vindos da China, mantêm no curto prazo a tendência de valorização do real. Na segunda-feira, o impressionante volume financeiro de R$ 7 bilhões negociados na Bovespa não deixou dúvidas quanto à vontade dos investidores estrangeiros de comprar papéis brasileiros, um dos emergentes mais favorecidos pelos sinais de recuperação do gigante asiático. "O momento é bom, no entanto, o Banco Central deve continuar atuando no câmbio próximo de R$ 2,10, sustentando as cotações", frisa Soares.

Ontem, além do leilão, a falta de direcionamento dos mercados internacionais pesou sobre os negócios. Em Wall Street, os players estiveram de olho no discurso de Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) no congresso norte-americano. Bernanke afirmou que a economia dos EUA está se estabilizando e que deve começar a se recuperar no final de 2009. No entanto, segundo ele, a retomada deve ser lenta. Além disso, na agenda, o ISM do setor de serviços revelou que o nível de atividade continua enfraquecido nos EUA, mas com alguns sinais de melhora entre os meses de março e abril. Após rali da véspera, a realização de lucro e a expectativa quanto à divulgação dos testes de estresse marcam os negócios nas bolsas.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)(Simone e Silva Bernardino/ InvestNews)