Título: Dólar ignora IOF e cai a R$ 1,654
Autor: Hessel, Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 30/03/2011, Economia, p. 9

Mesmo após o anúncio da taxação de empréstimos no exterior com o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) ¿ mais uma tentativa de inibir a valorização do real ¿, o dólar fechou na mínima em mais de três semanas frente à moeda nacional. A cotação da divisa norte-americana recuou 0,48% ontem, fechando a R$ 1,654. Foi a menor cotação desde 4 de março, quando encerrou o dia a R$ 1,645. Aos olhos dos analistas de mercado, quem tinha dólares aproveitou para vendê-los, já que as incertezas das últimas semanas, depois do baixo impacto da medida governamental, dissiparam-se.

¿Não chega a ser uma grande surpresa, até porque já era algo que vinha sendo especulado nas últimas semanas por conta dos fluxos que estavam subindo bastante este ano, seja via empréstimos, seja via colocação de títulos no exterior¿, disse Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria.

Sem efeito Um decreto publicado ontem no Diário Oficial da União impôs uma taxação de 6% de IOF nos empréstimos externos com prazo de até 360 dias. A taxação ataca uma das principais fontes de entrada de dólares em 2011. Só entre 1º de janeiro e 28 de março, entraram US$ 38,5 bilhões nessa forma de contrato ¿ 86% a mais que os US$ 20,7 bilhões

Na opinião do BofA Merrill Lynch, ¿o mercado esperava algo mais severo¿ e, por isso, é difícil imaginar como a nova medida teria um forte impacto sobre o real. Para Jason Vieira, analista internacional da Corretora Cruzeiro do Sul, ¿não parece uma decisão que possa ter um grande efeito, até porque ainda fica vantajoso captar no exterior¿. Na avaliação de João Medeiros, diretor de câmbio da Pioneer Corretora, a nova taxação não deve mesmo estimular investidores a captarem empréstimos por aqui. ¿Os juros lá fora estão baixíssimos e com a estabilidade da nossa economia e as taxas estratosféricas que temos ninguém vai querer perder a oportunidade de ganhar alto aqui¿, afirmou.