Título: Lupa sobre investimento
Autor: Hessel, Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 30/03/2011, Economia, p. 9

O cerco contra a enxurrada de dólares que entra no país levou a uma suspeita que preocupa o governo. Em meio às medidas para conter a entrada da divisa norte-americana, ganhou força a hipótese de que bancos e empresas estejam utilizando recursos oficialmente destinados a Investimentos Estrangeiros Direitos (IED), voltados para a produção, em aplicações financeiras de curto prazo. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, prometeu ¿olhar com lupa¿ essas operações e avisou que haverá intervenção se irregularidades forem constatadas.

Por ora, não será cobrado o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre os recursos destinados. ¿Não acredito em fraudes. Pode haver algum tipo de arbitragem, mas, no momento, não estamos pensando em mexer no IED. Mas vamos olhar com lupa. Se houver algum movimento, podemos mexer¿, disse Mantega. O titular da Fazenda alegou ainda que a cobrança de 6% de IOF sobre os empréstimos com prazos inferiores a 360 dias, tomados por empresas e bancos brasileiros no exterior, não tem o objetivo de aumentar a arrecadação, mas, sim, reduzir o ingresso de recursos no país.

O governo não chegou a calcular o potencial de receitas com a imposição do tributo. ¿Também não dá para fazer projeção sobre quanto vai reduzir o fluxo de curto prazo¿, disse Mantega. ¿O IOF até 90 dias já era salgado (5,38%), aí o pessoal começou a fazer em 180 dias. Se começar a ser acima de 360 dias, tomaremos medidas adequadas¿, avisou.

Com o imposto, o lucro de quem fizer a chamada arbitragem cairá em 6%, destacou Mantega. ¿Ao invés de lucrar 12 ou 13% ao ano, as empresas vão lucrar menos. No curto prazo, pode ser inconveniente fazer a operação¿, sustentou. ¿Vamos monitorar para saber de onde vem a arbitragem. Não queremos prejudicar a produção nem as empresas que estão captando para fazer investimentos¿, disse.