Título: BC zerou posição cambial diz Meirelles
Autor: Aliski,Ayr
Fonte: Gazeta Mercantil, 07/05/2009, Finanças, p. B1
Brasília, 7 de Maio de 2009 - Impulsionado pelo sucesso do leilão de swap cambial reverso que movimentou na última terça-feira US$ 3,7 bilhões, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, anunciou oficialmente ontem que "o BC zerou sua posição no mercado futuro". O anúncio ocorreu no mesmo dia em que foi divulgado saldo positivo de US$ 1,43 bilhão no movimento de câmbio e, um dia depois de o BC, voltar a lançar contratos de swap cambial reverso, ou seja, a assumir posição comprada no mercado futuro. "Hoje estamos em posição de equilíbrio", disse Meirelles, que participou ontem por meio de videoconferência da abertura do 1 Fórum de Economia da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs).
Conforme posição até quatro de maio, a injeção de liquidez no mercado cambial promovida pelo BC envolveu vendas de US$ 24,5 bilhões e resgates de US$ 12,9 bilhões nos leilões de crédito para a exportação e demais linhas, refletindo resultado líquido de US$ 11,6 bilhões. No mercado à vista, mais US$ 14,5 bilhões foram aplicados para conter a alta do dólar. E no mercado de derivativos cambiais - os swaps - a exposição do BC chegou a US$ 25,1 bilhões. Antes do início da crise, o BC tinha posição comprada no mercado de swap reverso de US$ 22 bilhões, destacou Meirelles.
No cenário interno, Meirelles enfatizou que há aumento da oferta de crédito e do fluxo de investimentos estrangeiros, mas em ritmo lento, e que não é cauteloso passar de um período de depressão para euforia. "Não devemos confundir isso com o fim da crise. Sabemos que não é assim, e ainda tem muito trabalho pela frente", advertiu Meirelles, acrescentando que o Brasil reduziu juros a níveis historicamente mínimos (a Selic caiu para 10,25% ao ano) na atual crise, o que estabelece novos desafios.
"Evidentemente, tudo tem um custo. E nós vamos enfrentar problemas de uma sociedade preparada para operar com juros altos", disse Meirelles, em referência ao debate sobre a mudança da remuneração da caderneta de poupança e também a fatores como a necessidade de os fundos de pensão obterem rentabilidade mínima. Esse é um assunto a ser tratado no grupo de acompanhamento da crise que se reúne na semana que vem.
Meirelles destacou também que as bolsas de valores acumularam prejuízos globais de US$ 31 trilhões, como argumento para justificar a necessidade de manutenção da cautela. Apesar do discurso contido quanto ao futuro da economia internacional, Meirelles voltou a criticar a expectativa de mercado de que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro irá cair 0,3% em 2009. "Achamos que o mercado está um pouquinho pessimista", advertiu o presidente do BC. O Banco Central oficialmente prevê crescimento de 1,2% do PIB para este ano.
Segundo Meirelles, as reservas internacionais, conforme posição de 29 de abril, somavam US$ 201,9 bilhões, frente US$ 205,1 bilhões em agosto de 2008. O presidente do BC destacou também a importância do Brasil ter acumulado R$ 260 bilhões em depósitos compulsórios antes da turbulência econômica. Como R$ 100 bilhões foram liberados para suprir o mercado de crédito, sobram ainda R$ 160 bilhões a serem aplicados. "E estamos preparados para liberar, se necessário", disse o dirigente do BC..(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Ayr Aliski)