Título: País concede linha de US$ 1,5 bi à Argentina
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Fonte: Gazeta Mercantil, 11/05/2009, Brasil, p. A4

Buenos Aires, 11 de Maio de 2009 - O governo do Brasil colocou à disposição da Argentina uma linha de financiamento de US$ 1,5 bilhão, valor que será repassado sob o regime de swap, ou seja, convertido em moeda local. O acordo foi firmado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, e seu homólogo argentino, Carlos Fernández, que participaram na última sexta-feira de reunião realizada em Buenos Aires para discutir a criação do Banco do Sul.

A ideia da Argentina é usar o financiamento para reforçar o nível de suas reservas internacionais. Desde o calote decretado em 2001, no auge da crise política e econômica vivida naquele ano e no seguinte, o país tem dificuldade para obter crédito no exterior. Outro fator que complica a situação financeira da Argentina é o descompasso registrado entre os índices oficiais divulgados pelo governo e outros compilados por entidades privadas.

O financiamento terá duração de três anos e é similar a um acordo que a Argentina assinou recentemente com a China, mediante o qual o dinheiro concedido não precisa ser necessariamen-te usado para adquirir bens ou serviços do país que o emprestou -- ou seja, sua aplicação é livre. "É um mecanismo de precaução para reforçar as reservas. Esperamos que esteja disponível o quanto antes", disse o ministro Fernández, em declarações citadas pela agência estatal de notícias argentina, a Telam.

O acordo com a Argentina faz parte de uma linha de financiamentos que o Brasil oferecerá a todos os países da América Latina no valor máximo de R$ 10 bilhões -- cerca de US$ 5 bilhões. Por meio do mesmo mecanismo, o Federal Reserve (FED, banco central norte-americano) liberou linhas de crédito para o Brasil e o México.

Sede em Caracas

No evento, no qual também estiveram presentes os ministros da Economia do Uruguai, Paraguai, Equador, Bolívia e da Venezuela, as negociações para a criação do Banco do Sul foram concluídas. O passo final para a sua implementação será a aprovação dos respectivos governos e a confirmação de seus parlamentares.

Segundo os ministros, cada país terá um voto na nova entidade e seu capital inicial será de US$ 7 bilhões, dos quais Argentina, Venezuela e Brasil contribuirão com US$ 2 bilhões cada um. O Uruguai e o Equador fornecerão US$ 400 milhões, e o Paraguai e a Bolívia, com US$ 100 milhões. O Banco do Sul visa prestar auxílio sobretudo aos Estados, instituições governamentais e empresas com um aval prévio dos respectivos Estados.

O órgão terá sua sede principal em Caracas, além de filiais em Buenos Aires e La Paz, e vai adotar a forma de entidades autosustentáveis, ou seja, será governada conforme critérios de eficiência e participação igualitária de todos os países que a integram. "O tema, pelo menos no âmbito dos ministros, está concluído. Agora falta a aprovação dos presidentes e dos Congressos", disse Fernández.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 4)(Ansa)