Título: Produção de caminhões despenca com baixa exportação
Autor: Costa,Déborah
Fonte: Gazeta Mercantil, 11/05/2009, Transportes, p. C4

São Paulo, 11 de Maio de 2009 - A crise financeira mundial fez o governo tomar medidas importantes para tentar recuperar a economia, como a desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros de até mil cilindradas e caminhões. No entanto, para este último segmento, a medida não surtiu o mesmo efeito que os automóveis.

"Nosso maior desafio agora é o setor de caminhões e as exportações, que apresentaram declínios significativos", avalia Jackson Schneider, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

As exportações totais de veículos despencaram 50,3% nos quatro primeiros meses de 2009, frente ao mesmo período do ano anterior, somando 123.101 unidades. Dentro desta cadeia, o setor de caminhões foi o que apresentou a maior queda, de 65,8% no período. Somente as vendas de caminhões pesados para o mercado externo diminuíram 76%, enquanto que a categoria semileves exportou 77,2% a menos.

Com isso, a produção de caminhões despencou 32,4% no primeiro quadrimestre deste ano, somando 34.434 unidades, na comparação com os mesmos meses do ano anterior. No mesmo sentido, as vendas neste segmento atingiram 29.935 unidades, o que significa um decréscimo de 18,2% na mesma base de comparação.

"O ramo de caminhões não teve o efeito emocional que os automóveis tiveram, mesmo porque são categorias diferentes. É um setor que não tem apresentado melhora e que passa por dificuldades", acrescenta Schneider, considerando que a queda das exportações em valores é fruto de uma contundente queda nos mercado internacionais.

Em termos de valores, as exportações de autoveículos recuaram 49,3% de janeiro a abril deste ano, totalizando US$ 1,76 bilhão. "Não temos um olhar otimista em relação as exportações neste ano", afirma a Anfavea.

Já em relação aos licenciamentos de veículos nos quatro primeiros meses de 2009 houve uma redução de 0,7% na comparação com a mesma época de 2008, totalizando 902.652 unidades. Somente em abril foram comercializadas 234.390 unidades, apontando queda de 13,7% em relação ao mês anterior.

"Nos quatro primeiros meses, houve pequeno recuo e o número foi praticamente igual ao do mesmo quadrimestre do ano passado", diz o presidente da Anfavea.

Além da influência da redução do IPI, a entidade analisou que o volume de crédito subiu 0,6% de fevereiro para março, para R$ 145,8 bilhões, o juro caiu 1 ponto percentual, enquanto que a inadimplência passou de 4,9% em fevereiro para 5,1% em março.

Produção no quadrimestre

Em abril, a aquisição a prazo de veículos zero km respondeu por 56% das compras, enquanto que 44% comparam à vista.

"Esta retomada na venda de veículos a prazo mostra a melhora da confiança no mercado", considera Schneider.

Com as vendas e as exportações em queda, naturalmente a produção de veículos caiu nos quatro primeiros meses deste ano. No período foram fabricadas 916.225 unidades, o que significa uma redução de 16,4%, face aos mesmos meses do ano anterior. "Este número é explicado claramente pela queda nas exportações", diz o presidente da Anfavea.

Previsões para 2009

A Anfavea também reafirmou suas expectativas para o mercado este ano. A previsão é de uma queda de 3,9% na venda de veículos em 2009, devendo somar 2,71 milhões, frente aos 2,82 milhões de unidades vendidas em 2008.

Na mesma direção, a estimativa é que as exportações em termos de volume (somente autoveículos) recuem 32% neste ano, para 500 mil unidades, enquanto que em dinheiro (máquinas agrícolas e autoveículos) devem cair 39%, para US$ 8,5 bilhões.

A Anfavea prevê também que a produção de veículos alcance 2,86 milhões, representando um declínio de 11,2%, em relação ao ano anterior.

Nível de emprego

A Anfavea informou ainda que o número de pessoas empregadas na indústria automobilística somou 120.754 em abril, o que representa uma queda de 1,1% frente ao mês anterior e de 4,1% em relação a abril do ano passado. Deste número, 106.001 referente ao segmento de autoveículos e 14.753 de máquinas agrícolas automotrizes.

"Esta queda reflete o efeito da produção. Não temos como prever quando a indústria vai parar de demitir", afirma Schneider.

(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 4)(Déborah Costa/ InvestNews)