Título: Mercado prevê retração de 0,44% do PIB neste ano
Autor: Aliski,Ayr
Fonte: Gazeta Mercantil, 12/05/2009, Brasil, p. A5

Brasília, 12 de Maio de 2009 - Os agentes de mercado pioraram o humor em relação ao desempenho da economia brasileira em 2009 e passaram a projetar retração do Produto Interno Bruto (PIB) em 0,44% para este ano. O dado está presente no boletim Focus, do Banco Central, que é preparado a partir de consulta de expectativas a cerca de cem agentes de mercado. Na semana passada, a pesquisa mostrava que havia projeção de queda do PIB um pouco mais amena, de 0,30% no ano. A projeção oficial do BC é de que o PIB vai crescer 1,2% este ano.

A volta do pessimismo ocorreu depois de duas semanas de recuperação das expectativas. Até agora, a pior estimativa para o comportamento do PIB havia sido apurada na metade de abril, quando o mercado chegou a apostar em queda do PIB em 0,49% no ano. Na semana seguinte, a aposta de retração foi enxugada para 0,39% e depois para 0,30%, mas agora os humores mudaram de rumo.

Não se acentuou apenas a má expectativa quanto ao comportamento do PIB. A estimativa de queda da produção industrial avançou ainda mais, alcançando índice negativo de 4,13%, frente 3,84% na semana anterior.

Pioraram projeções quanto ao comportamento da inflação e do déficit em conta corrente. Para a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), os agentes de mercado projetam alta de 4,36%, frente estimativa de 4,30% feita uma semana antes. Ainda assim, a nova expectativa está abaixo do centro da meta de inflação do governo, de 4,5% para o IPCA, com possibilidade de oscilação de dois pontos percentuais para baixo ou para cima.

Em relação ao Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), a nova estimativa indica oscilação de 2,17% no ano, contra projeção de 2,01%, na semana anterior. Em sentido contrário, foi reduzida de 2,07% para 1,92% a expectativa de alta do Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M). Foi mantida em 4,33% a projeção de qual será o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (IPC-Fipe) em 2009. Ficou sem mudanças a projeção para a alta dos preços administrados, em 4,4%. Também foi mantida a projeção quanto a qual será a taxa de câmbio ao final de período, em R$ 2,20 por dólar.

Houve melhora das projeções quanto ao comportamento da balança comercial, com superávit estimado em US$ 17,5 bilhões, frente estimativa de saldo positivo de US$ 17 bilhões da semana anterior. Também melhorou, mesmo que timidamente, a expectativa de chegada de recursos estrangeiros por meio de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED), para novo patamar de US$ 22,04 bilhões, frente US$ 22 bilhões, na semana anterior.

No rol das más previsões, houve revisão quanto ao tamanho do déficit em conta corrente ao final do ano, agora projetado em US$ 20 bilhões. Uma semana antes, o mercado estimava déficit de US$ 19 bilhões. De qualquer forma, o valor é financiável pelas exportações e pelo fluxo de IED. A Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) deverá representar parcela de 38,6% do PIB ao final do ano, conforme a mais recente estimativa de mercado. Uma semana antes, a projeção era de que a DLSP abocanharia 37,45% do PIB em 2009.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)(Ayr Aliski)