Título: Battisti afirma que prefere morrer a voltar para a Itália
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Fonte: Gazeta Mercantil, 12/05/2009, Brasil, p. A8

Paris e Roma, 12 de Maio de 2009 - O ex-ativista italiano Cesare Battisti, que recebeu refúgio político no Brasil, confessou que prefere morrer a voltar para seu país, onde foi condenado à prisão perpétua por quatro homicídios.

Entrevistado pela emissora de televisão franco-alemã Arte na Penitenciária da Papuda, em Brasília, onde está preso, Battisti voltou dizer que é inocente e confessou ter medo de ser extraditado, como pede a Justiça italiana.

Ele afirmou que sua vida estaria em risco caso retornasse. "Não vou para a Itália, não chegarei vivo. Tenho medo demais. Existem coisas que podemos escolher, como o momento da própria morte", ressaltou.

O ex-ativista, condenado por quatro assassinatos ocorridos no fim da década de 1970, época em que integrava a organização de esquerda Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), disse que não quer permitir que "a injustiça do governo italiano" tenha o direito de determinar o momento de sua morte.

Ele revelou também que vive em más condições na prisão brasileira e mais uma vez enfatizou que não participou das ações armadas que resultaram nas mortes pelas quais responde.

"Depois de 30 anos, colocaram-me na prisão por crimes que não cometi. Nunca matei, mas fiz parte de uma organização armada, participei de roubos, era um militante qualquer e me fizeram virar um monstro, um assassino", argumentou.

Preso no Brasil desde 2007, Battisti se tornou o pivô de uma crise diplomática entre Brasil e Itália depois que o ministro da Justiça, Tarso Genro, decidiu no dia 13 de janeiro conceder a ele o status de refugiado político.

O parecer final sobre a manutenção do benefício ou a extradição do ex-ativista caberá ao Supremo Tribunal Federal (STF).

O ministro da Defesa da Itália, Ignazio La Russa, qualificou as declarações do ex-ativista Cesare Battisti, como uma "desfaçatez sem limites".

"Se ele de fato pensa em se suicidar, deveria ter refletido sobre isso depois de cometer os homicídios", declarou o ministro, referindo-se aos quatro assassinatos ocorridos no final da década de 1970 e pelos quais Battisti foi condenado à prisão perpétua na Itália.

Ao comentar as afirmações, o ministro das Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, afirmou que seu país não dará "sinais de indulgência ou anistia para os terroristas, em particular no caso de Cesare Battisti".

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 8)(ANSA)