Título: População ocupada cresce 1,4% no 1º- trimestre, aponta Ipea
Autor: Aliski, Ayr
Fonte: Gazeta Mercantil, 14/05/2009, Brasil, p. A4

Brasília, 14 de Maio de 2009 - A geração de empregos no primeiro trimestre de 2009 foi insuficiente para cobrir as perdas de postos de trabalho registradas entre novembro do ano passado e janeiro deste ano. E, se o setor seguir este ritmo, não vai conseguir oferecer vagas em volume suficiente no restante do ano. Essa é uma das conclusões apontadas no estudo trimestral "Análise do Mercado de Trabalho" divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Avançada (IPEA).

"Tivemos uma geração muito pequena de postos no primeiro trimestre, insuficiente para evitar o aumento da taxa de desempregados", disse Roberto Gonzales, executivo área de Planejamento da Coordenação de Trabalho e Renda do Ipea. O boletim destaca que "não é possível descartar a possibilidade de que o mercado de trabalho venha a apresentar resultados menos expressivos no futuro imediato", sinalizando um futuro próximo com escassez de empregos.

O estudo divulgado ontem pelo Ipea destaca que o crescimento do número médio de ocupados no primeiro trimestre de 2009 foi de 1,4% em comparação ao mesmo período de 2008, mas ressalta que apesar de positivo, esse resultado indica forte desaceleração do crescimento. Além disso, o Ipea destaca que a População Média Ocupada (PME) atingiu valor abaixo de 1% em março, o que só havia ocorrido uma vez desde 2004.

O estudo cita que "neste ano, o crescimento da taxa de desemprego continua em ritmo acelerado em março", lembrando que em 2007 e 2008, a desaceleração ocorria a partir de fevereiro. Ou seja, não foi possível ainda reverter os efeitos da crise econômica. "A pressão no mercado de trabalho está relacionada à demanda por mão de obra, que pode estar perdendo o dinamismo registrado nos anos anteriores", destaca o documento.

Mas o boletim trimestral não traz somente más notícias. O Ipea enfatiza que o aumento da massa salarial, em 6,6% na comparação no trimestre, em comparação com igual período do ano passado foi bastante positivo. Uma queda desse indicador, representaria uma piora da crise econômica.

Outro item positivo é a manutenção do grau de informalidade que não apresentou nenhum sinal de piora ao longo do primeiro trimestre de 2009, o que contrasta com os indicadores de desemprego e ocupação", cita o documento. Entram no grupo dos informais os trabalhadores sem carteira assinada, os que não são remunerados e trabalhadores por conta própria.

Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego indicam que entre novembro e janeiro houve o corte de 797 mil postos de trabalho formais. A recuperação começou em fevereiro, com 9,1 mil novos empregos. Em março foram criados mais 34,8 mil postos de trabalho. Ou seja, depois de um forte movimento de corte de empregos, a retomada no saldo positivo na geração de postos de trabalho ocorre lentamente. O estudo do Ipea leva em consideração as informações do Caged mais dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e da PME elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 4)(Ayr Aliski)