Título: Caem uso e preços de fertilizantes
Autor: Botelho,Gilmara
Fonte: Gazeta Mercantil, 14/05/2009, Agronegócio, p. B11

São Paulo, 14 de Maio de 2009 - O balanço das entregas de fertilizantes no mercado interno deve demonstrar a reversão do crescimento das entregas verificado no primeiro trimestre do ano. De acordo com estimativas do setor, em abril a indústria entregou pouco mais de um milhão de toneladas de insumos - "entre 1,05 milhão de toneladas e 1,1 milhão" -, no mês anterior foram 1,41 milhão de toneladas. Ou seja, cerca de 300 mil toneladas de fertilizantes deixaram de ser aplicadas no campo. De janeiro a abril, já são quase dois milhões de toneladas a menos, na comparação com o mesmo período do ano anterior.

O analista da Scot Consultoria Rafael Ribeiro de Lima Filho, analisa que, passadas as compras para o plantio da safrinha, essa retração das negociações de fertilizantes no mercado doméstico tende a se acentuar, "pelo menos até o início do segundo semestre". Com uma demanda menor, os preços dos fertilizantes nitrogenados caíram pelo segundo mês consecutivo, aponta levantamento da Scot.

De acordo com os dados da consultoria, em maio, as cotações dos fertilizantes nitrogenados tiveram queda média de 8,40%, na comparação com o mesmo mês do ano anterior. No caso do nitrato de amônio, o recuo nas cotações foi superior a 13% - a tonelada do nutriente está sendo vendida a R$570. Já o preço da uréia caiu quase 9% desde março e a tonelada do insumo é comercializada a R$780,00, valor 26% menor que no mesmo período do ano passado. O sulfato de amônio também está mais barato. Atualmente, o produto custa cerca de R$ 500 a tonelada, ou seja, 25% menos que em maio de 2008.

Ainda de acordo com análise de Lima Filho, até o próximo mês, os preços dos fertilizantes no mercado interno devem continuar em baixa. A tendência que deve ser revertida a partir de julho, quando do aquecimento do mercado com as compras de insumo para o início do plantio da safra 2009/10. "A questão é a disponibilidade de recurso", em função da queda da rentabilidade do produtor, "e espaço adequado para armazenar o fertilizante", conjectura o analista.

Resistência

O único nutriente, cujo preço não se moveu, apesar da queda da demanda, é o cloreto de potássio granulado, cotado a R$1.720 a tonelada, alta de 4,25% em relação ao mês passado. Segundo Rafael, este é o maior preço verificado nos últimos dez anos. Apesar da queda da demanda por fertilizantes em abril, com o fim do plantio da safrinha, os preços dos potássicos não caíram no mercado interno, em função "dos altos valores registrados no mercado internacional. No curto e médio prazos, o preço do cloreto de potássio deve permanecer estável", prevê o analista. Segundo ele, além de uma oferta mais controlada do insumo nos países produtores, o mercado internacional está aquecido com o plantio da safra norte-americana.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 11)(Gilmara Botelho)