Título: Indústria do Paraná teme nova disputa por vantagens
Autor: Cristina Rios
Fonte: Gazeta Mercantil, 23/09/2004, Nacional, p. A-4

As indústrias do Paraná estão preocupadas com a nova guerra fiscal deflagrada por São Paulo. No final de julho, uma medida do governo paulista já havia afetado a cadeia de lácteos e carnes do estado e agora outros segmentos, como o de louças, temem perda de competitividade. "Com o ICMS menor, o produto paulista vai ficar entre 15% e 20% mais barato do que o paranaense", disse o presidente do Sindilouças Paraná, José Canisso. "As empresas que têm operações nos dois estados já estão preferindo fazer a queima em São Paulo, reduzindo o nível de operação das fábricas paranaenses", disse.

Segundo o presidente do Conselho de Temático de Agroindústria e Alimentos da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Péricles Salazar, mudanças na tributação implantadas por São Paulo desde o final de julho atingiram em cheio a cadeia de lácteos e de carnes no Paraná. A medida reduziu significativamente o volume de produtos das indústrias de carnes e lácteos do Paraná no varejo. "Hoje apenas 8% do leite longa vida e da carne vendidos nos supermercados do estado vêm de empresas locais", disse Salazar, que se reuniu ontem com o secretário da Fazenda do Paraná, Heron Arzua, para discutir uma solução para a perda de competitividade dos dois segmentos. Nova reunião está marcada para a próxima semana. "A solução passa por mudanças tributárias", disse.

Arzua considera, no entanto, que o novo pacote tributário de São Paulo, que reduziu o ICMS de vários setores - como autopeças, louças e cerâmica, cosméticos e perfumes, dentre outros - terá pouco impacto para as indústrias do estado. "O Paraná já reduziu suas alíquotas para 12% na maioria dos segmentos beneficiados pelas medidas anunciadas pelo governo paulista. O incentivo fiscal é um instrumento legítimo entre os estados", disse.