Título: Turquia quer atrair empresas brasileiras
Autor: Bozzo,Claudia
Fonte: Gazeta Mercantil, 18/05/2009, Brasil, p. A4

São Paulo, 18 de Maio de 2009 - Apesar dos 11 mil quilômetros que separam Istambul de São Paulo, a Turquia está cada vez mais próxima do Brasil. E também quer ser descoberta por brasileiros, para ampliar seus laços comerciais com o País. Por isso, empresários brasileiros participarão em Istambul, pela primeira vez, do evento "Turquia-Mundo, Ponte de Comércio", promovido pela Tuskon, a Confederação de empresários e industriais de toda a Turquia. Com quatro anos de existência, em sua oitava edição será realizado de 1 a 6 de junho.

Estarão presentes, além de empresários dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Ceará, Rio Grande de Sul, mais de 2 mil representantes de 150 países.

Antes do encontro, empresários brasileiros e turcos terão a oportunidade de realizar novas conversações durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Turquia, no dia 20 deste mês, ao retornar da viagem à China.

O interesse turco no Brasil consolida-se com a chegada da Turkish Airlines ao País. A empresa tem, desde o início de abril, dois voos semanais de São Paulo a Istambul, com partidas às quartas e domingos. A partir de julho, serão três frequências semanais

Em seus quatro anos de vida, a Tuskon, confederação que reúne empresários e industriais de toda a Turquia já realizou oito encontros - em parceria com o governo turco - levando para o país 4.300 empresas de 80 países. Nessas reuniões anteriores, voltadas para África, Europa, região Ásia-Pacífico e Eurásia, foram realizadas 138 mil reuniões bilaterais, das quais resultou um volume de comércio de US$ 7 bilhões.

Para o evento de junho, a Tuskon, como informa o empresário turco e representante oficial da entidade no Brasil, Bayram Dagdeviren, pretende realizar 120 mil reuniões em três dias, entre as 3 mil empresas turcas e as 2 mil empresas estrangeiras convidadas.

No Brasil, depois de apresentada a programação, "a procura nos surpreendeu. Houve grande interesse", afirma Dagdeviren. Programado em colaboração com instituições como a Fiesp, Acsp, Facesp, Firjan, Fiep, Fecomércio e Governo do Estado de São Paulo, prevê-se uma ampliação na participação de empresários para o próximo ano.

A Turquia, 15 maior economia do mundo, que nos últimos seis anos cresceu em média 7%, tem promovido sua posição geográfica privilegiada, por estar entre Europa, Ásia e África e em um momento de dificuldades globais como o atual, vê no comércio uma boa chance de explorar novos mercados e avaliar o potencial de parcerias inéditas. Ao mesmo tempo, o país está no processo de aderir à União Européia (UE), tendo já superado várias das etapas necessárias para sua participação no bloco.

Balança comercial

Desde 2002, o comércio bilateral vem crescendo gradualmente, com saldos favoráveis ao Brasil. Em 2008, o volume do comércio bilateral atingiu o recorde de US$ 1,150 bilhão, dos quais US$ 816 milhões correspondem a exportações do Brasil para a Turquia e US$ 337 milhões consistem em importações.

O maior intercâmbio é favorecido pela presença da Petrobras e de outras empresas brasileiras em território turco, gerando novas oportunidades de negócios. Os investimentos brasileiros na Turquia podem ser ainda ampliados de maneira significativa. Estarão em debate possibilidades de novas parcerias nas áreas de energia, infraestrutura, aviação, turismo e defesa, entre outros campos.

Energia

O Brasil pode ser parceiro importante para a Turquia na diversificação de sua matriz energética. O presidente Lula, em sua visita, convidará o governo e os empresários turcos a conhecer a pioneira experiência brasileira na produção de biocombustíveis. Nessa área podem ser desenvolvidos projetos conjuntos para a produção de etanol e de biodiesel.

No plano do turismo, a Turquia recebeu 27 milhões de visitantes de todo o mundo em 2008, segundo os organizadores do encontro da Tuskon em Istambul. Com o Brasil, a Turquia acredita que poderá ampliar a participação do País, que atualmente representa perto de 0,5% do seu total de exportações.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 4)(Claudia Bozzo)