Título: Montanha de recursos não acalma ruralistas
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Fonte: Gazeta Mercantil, 18/05/2009, Brasil, p. A10
18 de Maio de 2009 - A montanha de recursos destinados pelo governo para o agronegócio não foi suficiente para acalmar o apetite do setor. No Congresso, a bancada ruralista pressiona para flexibilizar a legislação ambiental, defendendo a revisão do Código Florestal brasileiro, e garantir a continuidade do fluxo de empréstimos.
Na semana passada, a presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu (DEM-TO), esteve reunida com o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, pedindo R$ 120 bilhões em crédito público para o financiamento da safra 2009/2010. Já a Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado convocou os presidentes do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, e do BNDES, Luciano Coutinho, para justificar a "escassez de crédito" para a produção rural.
O presidente da comissão, Valter Pereira (PMDB-MS), defende a continuidade dos investimentos públicos no setor."A agricultura responde por 34% do PIB e precisa desse incentivo" diz. Presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária na Câmara, o deputado Valdir Colatto (PMDB-SC) faz coro. "O agronegócio é o que viabiliza o país hoje. Quando o agronegócio vai bem, o Brasil vai bem."
Cientes do peso que têm na a economia brasileira, os produtores rurais pressionam pela flexibilização da legislação ambiental. Audiências públicas para debater a revisão do Código Florestal brasileiro já foram realizadas na Câmara e no Senado, algumas palco de acalorados debates. O ministro Stephanes levou ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), estudo realizado pela Embrapa detalhando a inviabilização do agronegócio caso a legislação de proteção ambiental e de reservas indígenas e quilombolas fosse integralmente cumprida. Em entrevista recente a este jornal, Stephanes disse que se a sociedade pretendesse parar de produzir para recompor biomas do passado, "teria que pagar o preço".
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 10)(R.B)