Título: Lula propõe investimento produtivo a países emergentes
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 18/05/2009, Internacional, p. A14

Riad (Arábia Saudita) e Brasília, 18 de Maio de 2009 - Luiz Inácio Lula da Silva fez, ontem, em Riad, uma convocação para que os países em desenvolvimento como o Brasil, a China e a Arábia Saudita, usem mais suas reservas para impulsionar os setores produtivos.

"Em vez de ficarmos com o dinheiro paralisado recebendo o rendimento dos títulos americanos, se construirmos fábricas, investirmos em ciência e tecnologia, fizermos universidades, investirmos na produção de alimentos, certamente daqui a 20 ou 30 anos a Arábia Saudita e o Brasil serão infinitamente melhores do que são hoje", afirmou ele, em discurso na Câmara de Comércio e Indústria de Riad.

Coque verde

Durante sua visita à Câmara de Comércio, seis acordos de cooperação foram firmados entre empresas e associações dos dois países. Um deles envolve a Petrobras e uma holding saudita para a produção de um derivado do petróleo conhecido como coque verde, menos poluente, usado em termelétricas e na fabricação de alumínio. Outra parceria entre empresas dos dois países prevê o investimento de US$ 100 milhões na fabricação de insulina humana na Arábia Saudita.

Cerca de 50 representantes empresariais acompanharam Lula na viagem de dois dias ao país saudita, que terminou no domingo com o embarque da comitiva presidencial para a China. Os empresários brasileiros estão de olho nos projetos de infraestrutura e construção civil em andamento no Golfo Pérsico, que podem movimentar até US$ 2 trilhões. Na Arábia Saudita, seriam de US$ 500 bilhões a US$ 600 bilhões, incluindo a construção de seis cidades inteiras para funcionar como pólos de desenvolvimento.

Visita à China

Na próxima etapa da viagem presidencial, Lula encontrará uma China que se tornou o principal parceiro econômico do Brasil. A importância dos chineses cresceu principalmente depois da recessão nos Estados Unidos, que atrofiou as exportações do País para os norte-americanos. Já, a pauta de exportações brasileira para a China é formada basicamente por matérias primas usadas em produtos manufaturados chineses os quais, por sua vez, competem com os produtos brasileiros nos mercados da América Latina.

Mas, se o presidente brasileiro se sair vitorioso em sua estada chinesa, ele voltará com créditos de até US$ 10 bilhões para a Petrobras e empréstimos de até US$ 800 milhões para o Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES). A intenção é usar esses recursos para financiar portos e outras obras de infraestrutura no País. Na pauta brasileira também está a abertura dos chineses à importação de frangos.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 14)(Agência Brasil e Bloomberg)