Título: Crise vai reduzir participação do setor no PIB
Autor: Wilke,Juliana
Fonte: Gazeta Mercantil, 18/05/2009, Administração&Serviços, p. C6

Florianópolis, 18 de Maio de 2009 - Além da retração estimada de 3,5% na Economia em Viagens e Turismo (GDP) em 2009 por conta da crise, há uma expectativa de queda 25% a 30% este ano na contribuição do setor para o Produto Interno Bruto (PIB) mundial, se o vírus H1N1, a chamada gripe suína, virar uma pandemia. A palavra, aliás, foi bastante citada na 9 reunião do Conselho do World Travel & Tourism Council (WTTC) que encerrou no sábado, mas ainda não foi cientificamente comprovada. O percentual negativo incidirá no Produto Interno Bruto (PIB) do setor que somou US$ 5,5 trilhões em 2008. Os números foram mostrados pelo presidente do conselho da Oxford Economics, John Walker, que fez uma simulação. De acordo com ele, o medo leva as pessoas a gastarem 30% menos, e os primeiros cortes incluem despesas com viagens.

"Não há dúvidas de que a indústria de viagens e turismo vai enfrentar desafios significativos durante este ano", disse o presidente do WTTC Jean-Claude Baumgarten. "Isto faz com que a parceria público-privada seja ainda mais importante", defendeu. A conclusão dos participantes do painel sobre pandemia é de que o México reagiu muito mais rápido do que a China na incidência da Síndrome Respiratória Aguda Grave - mais conhecida pela sigla em inglês SARS - e que a mídia exagerou ao enfatizar demais a questão. Geoffrey Lipman, da Organização Mundial do Turismo da Organização das Nações Unidas (ONU), afirmou que em momento algum houve qualquer orientação dos órgãos mundiais para que as pessoas parassem de viajar, e que não há razão científica para tal atitude.

A expectativa de queda do turistas no México por conta da epidemia é de 43%. O vice-presidente do Sol Meliá, a maior companhia hoteleira da Espanha, Sebastian Escarrer, disse que dois de seus 11 hotéis foram fechados para manter o nível de emprego. Segundo ele, a queda do faturamento é de 1% em um mês. "Setenta por centro de nossos concorrentes fecharam seus estabelecimentos no México", contou. Para ele, as pessoas não substituíram as viagens para o México e Estados Unidos, simplesmente pararam de viajar. "As pessoas fazem encomendas pela internet para não saírem de casa, os consumidores contêm seus gastos e os produtores também", disse. Escarrer afirmou que se fosse resolver o problema, a Sol Meliá não hesitaria em comprar apólices de seguro para todos os seus clientes.

Outro relatório apresentado pela Oxford mostra que a movimentação econômica do turismo no Brasil será de R$ 190 bilhões em 2009, o que representa 6,2% do PIB total do País. O valor é 0,4% menor em comparação com 2008. Para os próximos 10 anos, a expectativa de crescimento de uma participação de 4,5% ao ano. A pesquisa mostra também que o setor vai fechar o ano com 5,56 milhões de empregos, 5,9% do total de postos de trabalho no Brasil.

A Oxford também fez uma medição para Santa Catarina e constatou que o turismo representa 12,5% do PIB estadual, o equivalente a US$ 6,4 bilhões, e deve dobrar de tamanho nos próximos 10 anos.

(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 6)(Juliana Wilke)