Título: Ministro vai autorizar reconstrução em Minas
Autor: Guimarães,Durval
Fonte: Gazeta Mercantil, 19/05/2009, Transportes, p. C3

Belo Horizonte, 19 de Maio de 2009 - O ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, assinará na próxima segunda feira em Belo Horizonte, a autorização para que a Ferrovia Centro Atlântica, de pro-priedade da Cia. Vale do Rio Doce, inicie as obras de duplicação e retificação do trecho ferroviário entre os bairros do Horto e General Carneiro, dentro da capital mineira. O trecho é curto, com menos de 20 quilômetros de extensão, mas é muito antigo, pois foi desenhado ainda nos primeiros anos da República e por conta disso, a travessia da cidade se tornou lenta e perigosa, com as composições avançando sobre ruas e circulando a poucos centímetros de residências que invadiram o leito ferroviário. Não foi divulgado o valor do investimento

A visita do ministro foi articulada pela Associação Comercial de Minas, fundada em 1901, pouco antes da chegada dos trilhos à capital mineira. A entidade organizou um seminário sobre o tema, em aliança com a Sociedade Mineira dos Engenheiros, para intermediar as negociações que envolvem não só o governo federal e a empresa mineradora mas ainda o governo de Minas na solução de várias pendências sobre quem deverá reconstruir os trechos ferroviários antigos no estado, como o que irá substituir as linhas que atualmente circulam entre o Triângulo Mineiro e Belo Horizonte, numa extensão de mais de 300 quilômetros.

Segundo um dos coordenadores do encontro, o engenheiro José Antônio da Silva Coutinho, que foi o primeiro diretor geral do DNIT, a capital mineira detém o mais importante entroncamento ferroviário do país que, interliga, sem alternativas, o norte ao sul e o leste a oeste do país. O leito ferroviário é insuficiente para atender à demanda existente, que envolve cargas de minérios e aço, principalmente. "Há mais de 30 anos estamos reclamando essa obra a obra", declarou.

O governador Aécio Neves também participará do seminário e a expectativa é que o governador mineiro solicite explicações para a paralisação de outra obra ferroviária que é o metrô da capital mineira. O trecho em operação, atualmente, não excede a 15 quilômetros, embora no início das suas obras, em 1981, estivesse prevista a construção de 60 quilômetros de trilhos. A obra deveria ser inaugurada cinco anos depois. Hoje, mais de vinte anos depois, menos de 30% do projeto foi concluído.

Segundo um dirigente da Associação Comercial há em operação apenas 25 composições ferroviárias, com quatro vagões cada uma delas, no metrô de Belo Horizonte. A última composição foi adquirida por ordem do então presidente Itamar Franco, há mais de 12 anos. Recentemente, foram solicitadas mais dez composições, mas o edital foi cancelado no início do ano, quando o governo federal decidiu suspender vários investimentos como uma das medidas de contenção de despesas para se enfrentar a crise econômica.

Segundo a mesma fonte, também foi suspenso, recentemente, o pagamento à empresa de engenharia que realizava o projeto para extensão do metrô do bairro Venda Nova ao Centro Administrativo, que o governo de Minas está construído cinco quilômetros adiante daquela estação. A alegação para o corte foi também a redução de despesas, mas ontem na Associação Comercial, se suspeitava de que trata de uma escaramuça na guerra travada entre os governos estadual e federal, por conta da disputa eleitoral do próximo ano.

(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 3)(Durval Guimarães)