Título: Dificuldade de fiscalizar
Autor: Torres, Izabelle
Fonte: Correio Braziliense, 28/03/2011, Política, p. 5

Os repasses feitos pelo Ministério da Integração por meio da Defesa Civil no ano passado foram de pouco mais de R$ 2 bilhões. Os recursos constam na rubrica ¿emergencial¿ e são destinados a estados e municípios atingidos por tragédias, geralmente ligadas aos efeitos climáticos. Como são liberados às pressas, o dinheiro chega às contas das administrações com menos burocracia do que ocorreia se fosse submetido à tramitação normal. Além disso, prefeituras e governos podem distribuir e usar os recursos da forma como bem entendem e contratar empresas sem licitação.

No ano passado, a comoção em torno das catástrofes fizeram com que o governo federal abrisse o cofre e editasse medidas provisórias liberando créditos extraordinários que somaram mais de R$ 3 bilhões.

O Ministério da Integração diz que é impossível fiscalizar a aplicação do dinheiro por todo o país e exige apenas a prestação de contas no fim das obras. Regras que, como o Correio tem mostrado desde fevereiro, abrem brechas para desvios e até para contratações que têm como único critério a manutenção de relações questionáveis entre políticos e empresários. Desde que assumiu o cargo, o novo ministro Fernando Bezerra pediu ajuda para o Tribunal de Contas da União (TCU) na fiscalização do dinheiro repassado em caráter emergencial. O que já foi para os cofres de estados e municípios em anos anteriores, no entanto, só serão auditados depois das prestações de contas finais.