Título: Soja brasileira transgênica deve chegar ao campo até a safra 2010/11
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 21/05/2009, Agronegócio, p. B10

São Paulo, 21 de Maio de 2009 - Os produtores brasileiros de soja poderão contar a partir da safra 2010/11 com sementes geneticamente modificadas (GM) resistentes a herbicidas e de baixo impacto ambiental e financeiro. A tecnologia inédita foi desenvolvida totalmente no Brasil pelos pesquisadores da Embrapa Soja e consumiu três anos de pesquisa. O gene utilizado na elaboração é do grupo químico das imidazolinonas, tornando as plantas resistentes a herbicidas daquele grupo. Conforme pesquisadores que participaram do processo, as moléculas utilizam apenas 14% da dosagem de defensivos necessária para o controle efetivo de pragas daninhas, o que diminui a agressão ao meio-ambiente e, por ser aplicado em pequenas concentrações, reduz o custo. Além disso, especialistas lembram que novas tecnologias GM para cultivo no campo restringem o surgimento de plantas daninhas resistentes aos herbicidas já utilizados.

O material genético utilizado na planta veio do banco de germoplasma da empresa química alemã Basf. Porém todo o processo de inserção do material, pesquisa, desenvolvimento e credenciamento nos órgãos reguladores foi feito por pesquisadores brasileiros. Carlos Arrabal Arias, pesquisador da Embrapa Soja, revela ainda que a descoberta do material fornecido pela companhia alemã também contou com participação de cientistas brasileiros. Ele ressaltou sobretudo a importância sustentável e econômica da nova varie-dade nacional. "Enquanto outros herbicidas tem 500g de principio ativo, o "imi" (apelido da soja brasileira) tem apenas 70 gramas. Além de ser 99% brasileira. Isso reduz o custo e o impacto dos produtos químicos no meio ambiente". Ele lembrou ainda a importância da tecnologia para controle de plantas daninhas resistentes ao glifosato já utilizado nas lavouras.

O pedido de liberação comercial foi protocolado na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) em dezembro. Dessa maneira, a institui-ção tem prazo de um ano para avaliar a petição. Conforme explicou o pesquisador, são necessários pelo menos dois anos para as sementes serem comercializadas. "Depois de liberada, precisa ser avaliado qual variedade será utilizada. Sem contar o registro em cada estado, que também precisa de ensaios específicos para avaliação de comportamento dos insumos". Por esse motivo, o pesquisador calcula que a tecnologia chegará na safra 2011. "A menos que a liberação avance muito rápido, o que acho um pouco difícil". Hoje, a CTNBio estará reunida em Brasília para avaliar a liberação comercial de 12 Organismos Geneticamente Modificados (OGMs). Entre eles estão a soja da Embrapa, arroz tolerante a glufosinato de amônio, uma solicitação para variedade de algodão GM resistente a insetos, dois para soja modificada tolerante ao herbicida glufosinato de amônio, duas solicitações para milho resistente a insetos, além de cinco pedidos para liberação comercial de vacina de uso veterinário. Os membros da comissão também devem avaliar 26 novos pedidos para liberação planejada no meio ambiente (pesquisas).

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 10)(Roberto Tenório)