Título: Petrobras quer ajuda de parceiros para arrendar sondas para o pré-sal
Autor: Lorenzi,Sabrina
Fonte: Gazeta Mercantil, 21/05/2009, InfraEstrutura, p. C6

Rio de Janeiro, 21 de Maio de 2009 - A negativa da Agência Nacional de Petróleo (ANP) em conceder mais prazo para a Petrobras concluir a avaliação dos blocos do pré-sal forçou a empresa a procurar ajuda junto aos sócios privados na contratação de sondas de perfuração. O gerente-executivo responsável pelo pré-sal da Petrobras, José Formigli, admitiu que a empresa terá de devolver "pedacinhos ou pedaços" do cluster de Santos à União caso não tenha tempo para declarar comercialidade de cada descoberta do pré-sal.

Formigli disse que a Petrobras será capaz de cumprir os prazos apertados porque vai deslocar equipamentos e embarcações de outras áreas menos urgentes para o pré-sal. E o esforço deverá se estender aos seus parceiros nas áreas de Santos que começam a ter prazos vencendo no ano que vem. A idéia é arrendar as sondas com os parceiros para ter mais chances de conseguir os contratos de afretamento. "Quando contratamos pela Petrobras podemos usar o equipamento onde quisermos. Por meio do consórcio será uma contratação focada, emergencial", explicou. Entre os sócios no pré-sal, estão a BG, Galp e a Shell.

A empresa deve declarar comercialidade de Tupi até 2010. Os blocos são enormes e as empresas podem ter dificuldades de declarar comercialidade de todas as áreas, segundo analistas. A Petrobras já devolveu 50% dos blocos que originaram os campos de Tupi, Iara, Iracema, Guará, Carioca, Iguassu, Bem-te-vi e Parati. Indagado sobre a possibilidade de haver boas reservas nas áreas devolvidas, Formigli provocou risos. "Nunca responderemos isso".

A Petrobras terá até 2013 para encerrar a fase exploratória de parte do BM-S-11. O primeiro prazo é 2010. Para o BM-S-9, os prazos são 2011 e 2012, dependendo do campo. O prazo do BM-S-10 vence em 2011 e o do BM-S-21 termina em dezembro de 2012.

A Petrobras e suas parceiras pediram extensão de quatro anos para declarar a comercialidade, mas a reguladora negou na semana passada. As regras da reguladora foram elaboradas antes do advento do pré-sal e, portanto, estariam defasadas para abranger a exploração destas áreas, que são muito maiores do que as praticadas no setor durante a elaboração das normas.

"Os prazos imaginados quando os contratos foram assinados levavam em conta outro cenário, com uma perspectiva de sucesso. Só que as descobertas foram muito maiores do que se imaginava, o que gerou uma dificuldade maior para se delimitar as áreas. Com os volumes anteriores, era muito mais fácil fazer essa delimitação", disse Formigli, durante o XXI Forum Nacional, promovido pelo Instituto Nacional de Altos Estudos, sob os cuidados do ex-ministro João Paulo dos Reis Velloso.

"A ANP já tinha aceitado o prazo de avaliação pedido pela Petrobras. Além daquele prazo solicitado, a Petrobras pediu mais tempo e a agência verificou que não poderia. O BM-S-8, esse sim teve seu plano estendido por mais dois anos", contou Nelson Narciso na semana passada. O bloco inclui a descoberta do campo de Bem-te-Vi.

A petrolífera Shell pode ser uma parceira de peso na corrida para manter as áreas no pré-sal. A empresa já perfurou 1,5 mil poços no pré-sal em todo o mundo, conforme disse o presidente da empresa, Vasco Dias. A empresa já extraiu 6 bilhões de barris desta fronteira e atualmente produz 300 mil barris nos campos localizados abaixo da camada de sal.

Também no fórum Nacional, o diretor de planejamento do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social, João Carlos Ferraz, informou que calcula investimentos de US$ 5 bilhões até 2011 por parte dos fornecedores da indústria do petróleo para atender à demanda da Petrobras. "A necessidade de equipamentos é monumental, mas nossa indústria de equipamentos, infelizmente, não é das melhores", disse Ferraz. "Se é necessário mais tempo, que seja dado mais tempo aos fornecedores", afirmou. A preocupação do executivo é que a indústria não se capacite a tempo de atender à demanda da Petrobras, abrindo espaço para importações em massa de máquinas e serviços. E a estatal corre para cumprir prazos.

(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 6)(Sabrina Lorenzi)