Título: Consórcio Madeira Energia fecha financiamento de R$ 6,2 bilhões
Autor: Rosa,Silvia
Fonte: Gazeta Mercantil, 22/05/2009, Finanças, p. B3

São Paulo, 22 de Maio de 2009 - O consórcio Madeira Energia acaba de fechar um financiamento de R$ 6,2 bilhões para a usina de Santo Antônio, incluída no projeto do Rio Madeira, em Porto Velho (RO), cujos investimentos devem somar R$ 13,5 bilhões.

Do total do financiamento, o maior obtido por um programa de project finance no mundo no primeiro trimestre de 2009, R$ 3,1 bilhões representam investimentos diretos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a outra metade será repassada por um consórcio de bancos formado majoritariamente por instituições nacionais: Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Banco do Amazônia, Banco do Nordeste do Brasil, Bradesco, Santander, Itaú Unibanco e Banco Espírito Santo (BES). "A captação aconteceu em plena crise e tornou-se desafiador conseguir recursos com as instituições estrangeiras, uma vez que os bancos internacionais foram mais afetados que os nacionais. Além disso, como a receita do projeto é em reais, poderia gerar um descasamento se o financiamento fosse realizado em dólar", afirma Felipe Jens, presidente da Odebrecht Investimentos em Infraestrutura, um dos integrantes do consórcio.

O empréstimo tem prazo de 25 anos e custo de TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) mais um prêmio que varia de 3,8% a 2,8%. Segundo Jens, esses recursos serão destinados ao investimento na obra, que deverá ficar pronta até maio de 2012, com prazo de concessão de 30 anos. A estrutura de financiamento, segundo Jens, também poderá compreender a emissão de debêntures no final do projeto, de bônus no exterior, ou mesmo a abertura de capital da concessionária. "A emissão no final do projeto oferece melhores condições em termos de custo do ativo, uma vez que o risco de construção já foi mitigado, e possibilita o pagamento de um spread melhor", afirma Jens.O consórcio Madeira Energia (Mesa) formado, além da Odebrecht, pela empresas Furnas Centrais Elétricas, Construtora Norberto Odebrecht, Andrade Gutierrez, Cemig e pelo Fundo de Investimento em Participações Amazônia Energia ficou responsável por todos os custos adicionais até o primeiro trimestre deste ano. A Odebrecht Investimentos detém 18,6% das ações da Sociedade de Propósito Específico (SPE) responsável pelo projeto. Já o FIP Amazônia Energia, que detém 20% da SPE, vendeu 25% de sua participação para o Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS). Com isso, o banco Santander e o Banif passaram a deter 25% e 50%, respectivamente.

A Odebrecht Investimentos atua na área de energia, transporte e logística. Entre os projetos em energia estão a participação na licitação da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e prevista para o segundo semestre deste ano, que deve gerar 11 mil megawatts de potência.Já na área de transporte e logística a empresa está estudando participar de novas concessões de rodovias estaduais e federais, licitação de portos e aeroportos, além de estar em busca da formação de consórcio para disputar a licitação do trem-bala, que irá ligar as cidades de Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, prevista para o segundo semestre deste ano.

A Odebrecht foi a vencedora do lote da rodovia Dom Pedro I, realizado em outubro do ano passado. Segundo Jens, a empresa acabou de fechar um empréstimo-ponte com um consórcio de bancos, de R$ 1 bilhão, que serão destinado para o pagamento da outorga e o financiamento dos investimentos no primeiros 18 meses, até a liberação do financiamento de longo prazo. "Para as linhas de longo prazo devemos contar com o financiamento do BNDES, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e uma possível estruturação de um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios" (FIDC) lastreado nas receitas geradas pela rodovia.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Silvia Rosa)