Título: Pisos salariais se aproximam do mínimo, aponta Dieese
Autor: Saito,Ana Carolina
Fonte: Gazeta Mercantil, 25/05/2009, Brasil, p. A4
São Paulo, 25 de Maio de 2009 - Os pisos salariais dos trabalhadores brasileiros mantiveram no ano passado a tendência de aproximação ao valor do salário mínimo. De 628 pisos pagos no País, só cerca de 5% superaram dois mínimos. Segundo levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), para 56% categorias estudadas, os pisos salariais não ultrapassaram 1,25 salário mínimo e 77% registraram valor inferior ao valor de 1,5 salário. Apenas 2,3% obtiveram pisos superiores a 2,5 salários mínimos.
"Os pisos não estão perdendo valor. Nos processos de negociação salarial, os reajustes têm sido acima da inflação", pondera Luís Augusto Ribeiro da Costa, técnico do Dieese. Na sua avaliação, devido à política de valorização do salário mínimo nos últimos anos, há uma maior aproximação entre os valores das remunerações pagas e o mínimo. Mesmo com a conquista de ganho real pelas categorias, os aumentos são inferiores aos reajustes do mínimo.
O salário mínimo passou R$ 415,00 para R$ 465,00 a partir de fevereiro deste ano. O valor representa um ganho real de 5,8% em relação ao vigente no ano passado.
Segundo o levantamento do Dieese, a proporção de categorias de trabalhadores com pisos salariais próximos ao salário mínimo aumentou entre 2007 o ano passado, embora em menor ritmo se comparado ao período de 2005 e 2007. Em 2008, percentual de atividades com remuneração básica equivalente um salário atingiu 5,7%, contra 3,4% no ano anterior. A pesquisa mostra ainda que o valor médio do piso salarial recuou de 2005 para 2008, de 1,73 para 1,34 salário mínimo.
Distribuição entre os setores
Entre as atividades avaliadas na pesquisa, o meio rural apresenta o maior percentual de pisos em baixos valores. Cerca de 88% dos pagamentos estão entre um e 1,25 salário mínimo e os demais, na faixa entre 1,26 e 1,50 salário mínimo.
A segunda maior concentração de pisos nas menores faixas está no comércio. No setor, 62,4% das negociações salariais resultaram em pisos entre um e 1,25 salário mínimo. Em serviços, esse percentual é de 54,6% e na indústria, de 53,7%.
O setor de serviços apresenta o maior percentual de categorias com pisos salariais superiores a dois salários, 9,3%. Em seguida está o comércio, com 6,5%. Na indústria a incidência de remunerações nesse patamar é de apenas 2,5%, segundo o Dieese.
Escolaridade
O estudo indica que a média dos salários de ingresso em atividades que supõem nível universitário é 2,17 vezes superior aos pisos pagos para atividades sem a exigência desse nível de escolaridade. Para os trabalhadores com formação superior, o piso médio ficou em 2,84 mínimos. No caso das profissões que não exigem nível universitário, essa relação cai para 1,31 salário mínimo.
No entanto, destaca o Dieese, houve redução da distância entre os menores pisos para atividades com diferentes níveis de escolaridade em relação ao ano anterior. Em 2007, o menor piso para trabalhadores com diploma universitário era 66% superior ao menor piso das demais atividades. Em 2008, essa diferença caiu para 4%.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 4)(Ana Carolina Saito)