Título: Mata Atlântica tem só 7,9% de área original
Autor: Vizia,Bruno De
Fonte: Gazeta Mercantil, 27/05/2009, Brasil, p. A7

São Paulo, 27 de Maio de 2009 - Entre 2005 e 2008 a Mata Atlântica perdeu 102,9 mil hectares, área que equivale a dois terços da cidade de São Paulo. Os dados constam do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, elaborado pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados ontem. O estudo indica que a Mata Atlântica está reduzida a apenas 7,9% de sua área original no Brasil.

O mapeamento é feito em dez dos dezessete estados brasileiros que contam com o bioma: Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas, Espírito Santo, Rio, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Destes, o campeão de desmatamento é o estado de Minas Gerais, onde foram desmatados 32,7 mil hectares nos últimos três anos. O estado é seguido por Santa Catarina, com 25,9 mil hectares, e pela Bahia, que desmatou 24,1 mil hectares nos últimos três anos. Juntos, os demais estados (Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Goiás e Espírito Santo), provocaram o desmatamento de uma área de 20.683 hectares.

Campos de futebol

O levantamento aponta que uma média de 34.121 hectares de floresta são destruídos anualmente. Para efeito de comparação, um hectare equivale a aproximadamente a área de um campo de futebol. O levantamento, que é realizado há vinte anos por ambas as entidades, só considera áreas acima de três hectares. "Por isso há desmatamentos menores, de até dois hectares, que não aparecem. Este tipo de desmatamento menor é característico da região sudeste, dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, feito principalmente para expansão urbana e ocupação humana", explica Márcia Hirota, diretora da Fundação SOS Mata Atlântica e coordenadora do estudo.

Márcia destaca que a conclusão mais grave é que o ritmo do desmatamento não diminuiu nos últimos oito anos. "Se o País não tiver a conservação ambiental aliada ao desenvolvimento, vamos continuar perdendo o patrimônio que temos, principalmente da Mata Atlântica, que abriga nascentes e fluxo hídrico, além de toda uma biodiversidade", destaca a coordenadora da pesquisa.

A pesquisadora acrescenta que o desmatamento ameaça os serviços ambientais que a floresta presta para uma população de mais de 120 milhões de pessoas. "As principais capitais e metrópoles estão na Mata Atlântica, e dependem da floresta para viver", salienta.

Segundo conclusão apontada pelo levantamento, as áreas mais críticas para a Mata Atlântica correspondem a Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná e Bahia, por serem estados "que mais possuem floresta em seu território e, por isso, têm grandes áreas desmatadas em números absolutos".

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 7)(Bruno De Vizia)