Título: FMI elogia a sua própria política
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Fonte: Gazeta Mercantil, 23/09/2004, Internacional, p. A-12

O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou estudo ontem, afirmando que os países emergentes que adotam voluntariamente uma taxa de câmbio flexível não sofrem mais instabilidade do que quando tinham o câmbio atrelado a uma moeda estrangeira, como se temia. O FMI chegou à conclusão depois de analisar as transições cambiais em países em desenvolvimento nos últimos anos. O estudo está no relatório semestral "Perspectivas Econômicas Mundiais", cujos capítulos analíticos foram divulgados.

Nem todos os países aprovaram essas reformas para se preparar para a mudança no sistema cambial. Alguns, como o Brasil, adotaram as reformas posteriormente, pois se viram obrigados a abandonar a taxa de câmbio fixo, segundo o diretor de pesquisa do FMI, Raghuram Rajan. O câmbio livre é um regime que assusta muitos governos, pois as oscilações no valor da moeda podem aumentar a inflação, impulsionada por aumentos no preço de importações.

Além disso, as desvalorizações aumentam o valor calculado na moeda local da dívida em dólares ou outra moeda estrangeira. Estes possíveis efeitos geram "medo de flutuar" nas moedas locais. Mas as taxas de câmbio fixo, onde o valor da moeda local está atrelado ao de uma moeda estrangeira, também são perigosas, já que podem causar paridades irreais. O Brasil e a Colômbia em 1999 e a Argentina em 2001 sofreram as conseqüências do choque, que tornou suas moedas vulneráveis aos ataques especulativos e no final obrigaram a desvalorizá-las. O FMI analisou estes casos, além do México (94) e da Venezuela em (96).