Título: Executivo da casa é o mais cotado para Vale
Autor: Vieira, Marta; Hessel, Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 31/03/2011, Economia, p. 20

Tito Martins, hoje presidente da Inco, deve comandar a mineradora no lugar de Agnelli

Jogo de cintura e capacidade de negociar com interlocutores são as habilidades mais apontadas por executivos e empresários da indústria da mineração para classificar as chances de Tito Botelho Martins, presidente da Inco, subsidiária da Vale no Canadá, como substituto do atual presidente da companhia, Roger Agnelli. Embora o Bradesco tenha divulgado comunicado desmentindo que já tenha decidido indicar Martins para comandar a segunda maior mineradora do mundo, o nome do economista ganhou força para ocupar o cargo. Acordo de acionistas da Vale prevê que o presidente seja escolhido numa lista tríplice de indicados.

Martins fez carreira na Vale e já impressionava o mercado no começo da década passada, quando foi indicado para a presidência da antiga Minerações Brasileiras Reunidas (MBR), então concorrente da Vale, que seria incorporada à companhia numa política de compra de empresas rivais conduzida à época por Roger Agnelli.

O desempenho do ex-estagiário, nascido em Belo Horizonte e que se destacou desde o curso de Economia feito na UFMG, é considerado excepcional, segundo uma fonte do setor. ¿Mais que a grande experiência, ele mostrou capacidade de diálogo, entendimento e jogo de cintura, relacionando-se bem com públicos de interesse da companhia tão diversos quanto índios, políticos e prefeitos das cidades mineradoras¿, disse.

Diálogo Antes de assumir a presidência da Inco e enfrentar quase um ano e meio da greve mais duradoura em uma empresa de mineração, Martins trabalhou como diretor de assuntos corporativos da Vale e das áreas de não ferrosos e energia. Para o presidente do Sindicato da Indústria Extrativa de Minas (Sindiextra), José Fernando Coura, o desempenho profissional do executivo reforça uma sucessão sem traumas na Vale.

O senador Delcídio Amaral (PT-MS), presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, avaliou que Martins teria mais chances que Fabio Barbosa, presidente do Banco Santander, de substituir Roger Agnelli. ¿A melhor solução a ser tomada é pegar alguém de carreira, um executivo que é neutro, que conhece bem a companhia e vai tocar os projetos que a Vale desenhou para os próximos anos com competência¿, completou. Ontem, as ações da Vale continuaram a se desvalorizar, enfrentando baixa de 0,55% no fechamento do mercado, ante a curva de alta, embora ligeira, de 0,86%, da bolsa paulista.