Título: Marisol investe no mercado italiano
Autor: Rita Karam
Fonte: Gazeta Mercantil, 23/09/2004, Indústria & Serviços, p. A-13

Empresa vai montar escritório e pretende criar área de desenvolvimento de produto naquele país. A Marisol formou uma equipe de vendas na Itália e até o final deste ano deve instalar um escritório naquele país. A empresa planeja montar lá uma extensão da área brasileira de desenvolvimento de produto, informou o diretor de marketing, Juliano Donini. "A Itália é hoje reconhecida como um grande berço de design e estilo", disse o executivo. "Vamos trazer pessoal de lá para cá, e mandar pessoal daqui para lá", afirmou.

Hoje, só com desenvolvimento de produtos a Marisol gasta R$ 1 milhão por ano, sem considerar os insumos utilizados, disse Donini. "Lançamos seis coleções por ano com cerca de 100 itens cada uma. Passamos quatro meses desenvolvendo a coleção, que fica 60 dias no mercado, e que depois é substituída", acrescentou Donini. Segundo o executivo, só a equipe de criação conta com 95 pessoas, 25 para os calçados e 70 para a área têxtil. Cerca de 75% das vendas da empresa resultam das roupas infantis com as marcas Lilica Ripilica, Tigor T Tigre e Marisol. Este ano a empresa lançou uma linha para o público teen batizada de Worghon. Para o público adulto trabalha com a Mineral e a Criativa.

Donini disse que a expectativa é de que a presença no mercado italiano possa abrir portas e ajudar a vencer barreiras que a empresa ainda não conseguiu eliminar. Por exemplo, a permissão para participar da Pitti Bimbo, segundo Donini a mais importante feira do segmento infantil, realizada em Florença duas vezes por ano.

Um dos objetivos da Marisol é trabalhar a marca Lilica Ripilica no mercado europeu, inclusive com a abertura de lojas próprias. "Mas vamos manter nosso estilo, uma moda mais alegre, latina", afirmou Donini. Hoje a empresa já vende na Espanha, Portugal e Alemanha.

A Marisol tem investido forte nas exportações como alternativa para colocar sua produção e garantir crescimento. A empresa tem fábricas em Santa Catarina, Ceará e Rio Grande do Sul, mantém 5,3 mil funcionários (1,2 mil na produção de calçados) e no mês passado operava com 83% da capacidade instalada.

Donini disse que em 2003, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (Abit), a Marisol já respondia por 15% das vendas totais do segmento infantil no País que foram de R$ 1,9 bilhão. Para melhorar seus resultados, no final de 2000 a empresa iniciou um processo de franquia. Até o final do ano serão 80 lojas, e a previsão para o ano que vem é chegar a 150 e atingir o pico em 2006 com 180 unidades. Por isso, Donini considera não haver alternativa para manter o ritmo de crescimento a mais longo prazo que não as exportações.

No ano passado, as vendas externas da empresa responderam por 3% dos R$ 337,3 milhões faturados. Este ano deverão representar 8% dos R$ 400 milhões esperados, disse Donini. A meta é que as vendas externas representem 25% do total da receita até 2010. A flexibilidade adquirida para lançar seis coleções por ano deverá ajudar a alcançar essa meta, facilitando o processo de adequação de produtos de acordo com cada mercado.

Hoje, um dos principais mercados para a empresa é o Oriente Médio. A marca Lilica Ripilica e Tigor T Tigre contam com oito lojas no Líbano, uma no Kuwait e uma em Catar, disse Donini. O contato com o responsável pela instalação dessas lojas aconteceu em Paris, em uma feira realizada em setembro de 2001. "Pensávamos que era um distribuidor e o cliente acabou montando lojas exclusivas", contou Donini. Já em outros países a Marisol vende no porta-a-porta, como é o caso da Bolívia.

O ritmo acelerado de diversificação das coleções ganhou peso há dois anos e garante atratividade aos produtos da empresa. "E exclusividade", disse Donini. "Como nossos modelos são muito copiados, quando aparecem roupas similares já estamos com uma linha nova", afirmou. Na próxima semana, a fábrica lança sua terceira coleção para o verão 2004/2005, com a qual deve trabalhar o Natal.

Dia das Crianças vende mais

A segunda coleção visou o abastecimento para o Dia das Crianças cujas vendas tiveram aumento de 20%, segundo Donini. O executivo explicou que, no caso do Dia das Crianças, são os acessórios que acabam atraindo a garotada, principalmente as meninas. A empresa investe continuamente também para conquistar a preferência das crianças. Além de manter um clube de relacionamento da Lilica Ripilica e do Tigor T. Tigre - com 124 mil nomes cadastrados no caso da Lilica, criado primeiro, e 8 mil para a Tigor T. - a empresa criou agora uma revista da Lilica Ripilica com histórias e jogos que será mensal, com o objetivo de ampliar o contato com seu público-alvo.

kicker: Projeto prevê a criação de rede de lojas com a marca Lilica Ripilica na Europa