Título: Crise mundial faz Embraer reduzir o ritmo de produção
Autor: Virgínia Silveira
Fonte: Gazeta Mercantil, 23/09/2004, Transporte & Logística, p. A-15

A crise vivida pelo mercado aeronáutico mundial, que atingiu de forma mais acentuada as grandes companhias aéreas norte-americanas, obrigou a Embraer a reduzir o ritmo de produção de suas aeronaves. "Estamos aguardando para os próximos 30 a 60 dias uma definição de como ficará a situação de empresas como a US Airways para avaliarmos o real impacto do seu pedido de concordata nos negócios da Embraer", disse ontem o diretor-presidente da Embraer, Maurício Botelho.

A US Airways assinou um contrato de US$ 2,1 bilhões com a Embraer há cerca de um ano e meio, envolvendo a compra de 85 jatos do modelo Embraer 170. Este ano a Embraer entregou um total de 22 jatos para a US Airways, dos quais 15 com financiamento da Gecas (General Electric Capital Aviation Services) e sete com financiamento provisório sob forma de leasing. Pelo contrato feito com a Embraer, 55 aviões seriam entregues pela Embraer e 30 pela Gecas.

Momento de cautela

Segundo Botelho, o financiamento sob forma de leasing foi feito por falta de opção no mercado, que está mais retraído neste momento para investimentos em novos aviões. "Essa é uma situação transitória que esperamos resolver até final deste ano", destacou o executivo.

Botelho disse que o momento é de cautela e que ainda não é possível avaliar o real impacto desse cenário de crise sobre as operações da companhia.

A Embraer, segundo ele, até pouco tempo estava vivendo um processo significativo de aquecimento da produção, mas foi pega de surpresa com a alta do petróleo, que subiu 100% no último ano.

"Isso representou um verdadeiro desastre nas operações das companhias aéreas, já que os combustíveis representam entre 14% e 15% dos seus custos", afirmou. "As empresas estão sendo levadas a um esforço maior de redução de custos para fazer frente a um cenário de margens individuais muito pequenas, custos elevados e competição acirrada ".

Apesar das dificuldades, segundo Botelho, algumas companhias estão conseguindo driblar a crise de maneira positiva. "A United, mesmo em concordata conseguiu uma redução de custos significativa e a American Airlines fez isso há um ano atrás sem precisar recorrer à concordata", comentou o executivo.

A expectativa do mercado, segundo o vice-presidente Executivo para o Mercado de Aviação Civil da Embraer, Frederico Fleury Curado, é que a United saia do processo de concordata no começo do próximo ano.

Entrega do primeiro jato

Ontem a Embraer entregou o primeiro Embraer 170 para a norte-americana Republic Airways Holdings, que tem uma encomenda de 22 aviões do modelo, além de opção para outros 28.

Os jatos servirão à United Airlines por meio da United Express. A Republic Airways opera uma frota de 95 jatos da família ERJ-145 da Embraer, nas cores das companhias AmericanConnection, Delta Connection, United Express e a US Airways Express.