Título: Novos protestos contra os produtos transgênicos
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Fonte: Gazeta Mercantil, 23/09/2004, Agribusiness, p. B-12

Manifestantes do Greenpeace, organização não governamental do setor ambiental, entregaram ontem no Palácio do Planalto, um apelo para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "não libere, mais uma vez", por meio de medida provisória, o plantio e a comercialização da soja transgênica. Em 2003, o presidente havia prometido não editar MP, mas foi forçado a mandar a lei ao Congresso.

Os manifestantes estavam com um balão inflável, negro, com correntes, para "amarrar" o Palácio do Planalto contra os "males dos grãos modificados" geneticamente. "É inconcebível que o governo edite uma terceira medida provisória, sem qualquer estudo de impacto ambiental", protestou Gabriele Couto, líder do movimento.

O Greenpeace divulgou pesquisa encomendada ao Instituto de Estudos da Religião (Iser), segundo a qual, 81,9% dos entrevistado disseram que o plantio e a comercialização não deveria ser liberados, em relação a 18,1%, favoráveis a liberação. A pesquisa do Iser ouviu perto de duas mil pessoas, em sete capitais brasileiras: Brasília, Rio, São Paulo, Belém, Recife, Porto Alegre e Belo Horizonte.

Na hora da manifestação, o presidente Lula estava em casa, no Palácio da Alvorada e não viu a manifestação dos ambientalistas. A ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, que "ocasionalmente" chegada ao Palácio do Planalto, prometeu levar as reivindicações do Greenpeace ao ministro da Casa Civil, José Dirceu.

Produtores de sementes

Os produtores de sementes, ao contrário, reclamam da não-liberação de produtos transgênicos, mesmo depois de a Justiça ter conferido à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) como entidade competente para dar parecer sobre o cultivo e a comercialização de produtos geneticamente modificados no Brasil.

Segundo informa Iwao Myamoto, presidente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), a questão é política e ideológica e não técnica. Para ele, na prática o plantio de transgênicos está vetado apenas por conta da Medida Provisória editada no ano passado. "A situação está pendente mas acredito que o governo Lula vai acabar liberando o plantio de produtos geneticamente modificados", afirmou Myamoto.

O produtor lidera uma entidade que produz por ano cerca de 1,45 milhão de toneladas de sementes de grãos e fibras e movimenta cerca de R$ 4,5 bilhões.