Título: Desemprego volta a subir em agosto, após três meses caindo
Autor: Mônica Magnavita
Fonte: Gazeta Mercantil, 24/09/2004, Nacional, p. A-4

Taxa foi de 11,4% da PEA, ante 11,2% em julho e 13% em agosto de 2003. O desemprego voltou a subir em agosto, depois de três meses consecutivos de queda. A taxa de 11,4% da População Economicamente Ativa (PEA) foi superior à de julho, de 11,2%, conforme divulgou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A razão não foi o aumento de desempregado, mas sim um aumento no número de pessoas à procura de trabalho - a PEA - superior ao de pessoas que conseguiram emprego. Em agosto do ano passado, a taxa de desemprego era de 13%. O número de desocupados nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE alcançou 2,5 milhões de pessoas, mais que os 2,4 milhões de julho. Já em relação a agosto de 2003 (2,8 milhões), a queda foi considerável (¿11,2%).

Ainda assim, na avaliação do gerente da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, Cimar Pereira, o mercado de trabalho passou por uma deterioração em agosto em relação a julho. "O processo de recuperação do mercado ficou estacionado", disse ele.

Segundo Pereira, houve um crescimento do emprego informal e, em conseqüência, do número de trabalhadores com salários mais baixos. O número de trabalhadores com carteira assinada apresentou queda de 0,6% frente a julho, depois de três meses em alta. Também aumentou o número de trabalhadores sem carteira (0,5% em relação a julho e 5% em relação a agosto de 2003) e de trabalhadores por conta própria (1% frente a julho, e 4,2% na comparação com agosto do ano passado).

Houve queda de 1,4% em relação a julho no rendimento médio do trabalhador, que ficou em R$ 893,10 mensais. Isto ocorreu após dois meses consecutivos de alta. Em julho, o rendimento atingiu o patamar mais alto da série. Na comparação com agosto de 2003, a redução foi de 0,9%. Com isso, a massa real de salários recuou 1,2%.

Os empregados com carteira de trabalho assinada também tiveram queda no rendimento, de 1,6%. Para os trabalhadores por conta própria a redução no rendimento foi de 1,8% em relação a julho. A única categoria com aumento na renda, de 0,9%, foi a dos trabalhadores sem carteira de trabalho.

Por setor, as maiores quedas de rendimento ocorreram na indústria extrativa, de transformação e distribuição de eletricidade e gás, de -2,8%. Houve alta de 1,7% na área de construção e de 1,2% nos serviços domésticos. A queda no rendimento do trabalhador, segundo Cimar Pereira, ocorreu em função da entrada no mercado de trabalho de pessoas em setores que pagam salários mais baixos. É o caso da construção civil, onde o aumento no número de empregados foi de 2,6% em relação a julho, e dos serviços domésticos, com alta 2,8% na mesma base de comparação.

Por região, houve variação significativa da taxa de desocupação apenas em Salvador (de 14,9% em julho para 16,6% em agosto). Nas demais, conforme Cimar Pereira, houve praticamente estabilidade: Recife (13,4% para 13,5%); Belo Horizonte (10,7% para 10,2%); Rio de Janeiro (8,1% para 8,6%); São Paulo (12,5% para 12,6%) e Porto Alegre (8,9% para 8,5%).

Os empregados com carteira de trabalho no setor privado representavam 38,6% da população ocupada em agosto; os empregados sem carteira, 15,9%; os trabalhadores por conta própria equivaliam a 20,3% da população ocupada no mês passado. O número de pessoas ocupadas em agosto deste ano, de 19,2 milhões, manteve-se estatisticamente estável em ao de relação a julho (19,1 milhões). Os homens continuavam sendo a maioria dos ocupados em agosto de 2004: 56,6%, enquanto as mulheres eram 43,4%. A população de 25 a 49 anos representava 63,1% dos ocupados. O percentual de ocupados com 11 anos ou mais de estudos em agosto deste ano era de 48,5%.