Título: Inquietação sobre nível da oferta eleva os preços
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Fonte: Gazeta Mercantil, 24/09/2004, Energia, p. A-6
O preço do barril de petróleo chegou ontem próximo aos US$ 49 em Nova York, com a contínua inquietação sobre o nível de oferta depois da forte queda nas reservas armazenadas, assim como na produção e na atividade das refinarias. A perspectiva de que o governo dos EUA decida emprestar às refinarias algumas quantidades de petróleo da Reserva Estratégica proporcionou um alívio momentâneo ao mercado, mas não suficiente para alterar a tendência de alta.
Com essa medida, tentaria se compensar o corte de matéria-prima causado pela passagem do furacão Ivan pelo Golfo do México e os estados do sul dos EUA, onde se concentra a produção nacional e os principais terminais de desembarque. No fechamento da sessão regular da Bolsa de Mercadorias de Nova York, o barril do óleo tipo WTI para entrega em novembro subiu 0,22%, fechando a US$ 48,46. Na Bolsa Internacional do Petróleo de Londres, o barril do óleo tipo Brent para entrega também em novembro avançou 0,44%, fechando a US$ 45,13, o maior patamar de fechamento desde a início da negociação dos contratos futuros em 1988.
O porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, confirmou que o Departamento de Energia analisa diversos pedidos de refinarias no litoral do Golfo do México "para emprestar pequenas quantidades de petróleo da Reserva Estratégica por um período curto". A princípio, essa perspectiva tranqüilizou os operadores e fez com que os preços caíssem durante as duas primeiras horas de negociações. No entanto, o mercado recuperou o movimento de alta e o manteve até o fechamento. A impressão de que essa medida não será suficiente para compensar a diminuição de produção e de importações acabou prevalecendo.
A produção de petróleo na área do Golfo do México, que é de cerca de 1,7 milhão de barris diários, ainda está 472 mil barris abaixo da expectativa, segundo dados divulgados ontem pelo Serviço Federal de Gestão de Minerais (MMS). Desde 13 de setembro, foram perdidos 9,5 milhões de barris nessa área. Isso equivale a 1,5% da produção anual, de cerca de 605 milhões de barris. As interrupções na produção e na atividade das refinarias também influíram na queda nas reservas de petróleo e de produtos refinados.