Título: País terá mapeamento completo sobre solos afetados por poluição
Autor: Hugo Marques
Fonte: Gazeta Mercantil, 24/09/2004, Meio ambiente, p. A-8

O Ministério da Saúde iniciou o maior mapeamento da história do país sobre áreas com solo contaminado e populações expostas ao risco, utilizando sistema de GPS (posicionamento global via satélite). A partir de um levantamento de 15.237 áreas contaminadas nos estados ¿ informações já levantadas em secretarias de Saúde, Ministério do Meio Ambiente e companhias estaduais de saneamento ¿ os técnicos estão indo a campo, começando por 200 áreas consideradas prioritárias.

O levantamento da poluição será o grande referencial para o governo implantar políticas de saúde pública. Segundo Daniela Buosi, integrante da Coordenação Geral de Vigilância Ambiental em Saúde, estão sendo levantadas informações sobre as populações que vivem num raio de um quilômetro dessas áreas contaminadas. "É para ações preventivas de saúde pública", diz Daniela.

Até o fim de novembro, o governo pretende terminar o mapeamento das 200 principais áreas contaminadas para formar o Sistema de Áreas Contaminadas e com Solos Expostos (Sisolo), que será administrado pela Vigilância Ambiental em Saúde Relacionada às Áreas com Solo Contaminado (Vigisolo). Técnicos das secretarias estaduais de saúde serão capacitados para continuar o trabalho de georeferenciamento de áreas poluídas.

O trabalho é feito a partir de uma articulação institucional e tem a participação de técnicos estaduais de saúde, meio ambiente, agricultura e das federações de indústria. Os técnicos estão dando prioridade a critérios de seleção para as áreas, que incluem regiões industrializadas, locais de despejo de resíduos industriais, depósitos de agrotóxicos e regiões de mineração.

A grande maioria dos estados já foi visitada pelos técnicos. O trabalho de campo já foi feito no Rio de Janeiro. Em julho, os técnicos visitaram os municípios do Rio, Duque de Caxias, Itaguaí, Belford Roxo, Volta Redonda, Magé, Nova Iguaçu, Angra dos Reis e Paracambi. Os técnicos preferem não divulgar dados sobre o levantamento, mas afirmam que a poluição em áreas industriais do Rio e São Paulo é "mais crítica" em relação a estados menos industrializados.

Cada área contaminada tem uma ficha específica no novo sistema. O técnico identifica o local com o aparelho GPS, detalha as características da área contaminada e informa quem é o responsável pela geração e disposição de resíduos perigosos no meio ambiente.

A ficha inclui fotografia do local contaminado, os tipos de resíduos industriais que são lançados e o impacto no meio ambiente. Os técnicos também estão levantando a distância da poluição até o curso d''água mais próximo, a presença de população em áreas próximas de contaminação e a origem das informações prestadas ao Estado sobre a respectiva área de risco.

O levantamento de áreas contaminadas pelo Ministério da Saúde é citado no relatório "O Estado Real das Águas no Brasil 2003/2004", desenvolvido pela Defensoria da Água e divulgado na última quarta-feira pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

kicker: Áreas industriais do Rio e São Paulo são mais contaminadas em relação a outros estados