Título: Índice de tendências da economia tem nova queda
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 24/09/2004, Internacional, p. A-8

Preocupação dos consumidores com salários pode limitar gastos. O índice dos principais indicadores de tendências econômicas dos Estados Unidos (EUA) da Conference Board, que sinaliza como o país se comportará nos próximos três a seis meses, caiu em agosto pelo terceiro mês consecutivo. A queda foi de 0,3% e aponta uma redução do ritmo do crescimento nos próximos meses gerada, entre outras coisas, pelos crescentes preços do petróleo. "Há preocupações com o baixo nível do consumo e com o ritmo dos aumentos salariais", disse Ken Goldstein, economista da Conference Board. "Os consumidores se preocupam com seus salários e isso pode limitar os gastos."

A redução é compatível com o declínio registrado em julho e se segue à queda de 0,1% em junho. O índice não sofria redução por três meses consecutivos desde o primeiro trimestre de 2003. Os preços do petróleo bruto bateram recorde em agosto, e o expansão de postos de trabalho desacelerou em relação ao início deste ano, reduzindo a renda e a confiança dos consumidores, além de seu apetite para gastar.

Segundo o Departamento de Trabalho, os pedidos de seguro-desemprego nos EUA aumentaram em 14 mil na semana passada, para 350 mil, em grande parte devido ao furacão Ivan, que assolou o litoral do Golfo do México. Alguns economistas acham que ultimamente este dado semanal se tornou quase irrelevante como indicador da situação no mercado de trabalho, devido às tempestades que arrasaram o sul dos EUA em agosto.

A média de solicitações em quatro semanas, um indicador menos volátil, subiu de 339 mil para 341 mil. O número de pessoas que recebe o seguro-desemprego subiu em 5 mil e ficou em 2,883 milhões na semana de 11 de setembro.

Alan Greenspan, presidente do Federal Reserve, o Banco Central norte-americano, e outros responsáveis pela política monetária do país aumentaram, terça-feira, a taxa de juros básica pela terceira vez este ano, e disseram que a economia está recuperando sua força, após registrar desaceleração no segundo trimestre deste ano.

"Os dados não são muito reconfortantes e não são coerentes com o ponto de vista do Fed, segundo o qual a economia está recuperando sua força. Onde está essa força?", disse Ian Shepherdson, economista-chefe para os EUA da High Frequency Economics de Valhalla, Nova York.

Se a queda do índice de confiança nos EUA continuar, "teremos que antecipar a desaceleração", afirmou Robert Toll, principal executivo da Toll Brothers Inc., a maior construtora de casas de luxo dos EUA.

Os economistas reduziram suas estimativas para o crescimento econômico nos últimos meses, o que resultou numa mediana de 3,7% para o ritmo anualizado deste trimestre, segundo estimativas de uma pesquisa da Bloomberg News este mês. A economia cresceu 4,7% do segundo trimestre de 2003 até igual período deste ano.

Os três meses consecutivos de retração do índice dos indicadores de tendências econômicas não é sinal de uma recessão iminente. Um declínio anualizado de 3,5% ou mais por um período de seis meses constituiria um sinal de recessão mais preciso.