Título: Maranhão terá megaprojeto siderúrgico
Autor: Lívia Ferrari
Fonte: Gazeta Mercantil, 24/09/2004, Indústria & Serviços, p. A-9

A instalação de três usinas de grande porte ampliará em 70% a produção brasileira. O Estado do Maranhão vai sediar o maior pólo siderúrgico do País, com a instalação de três usinas produtoras de grande porte, com capacidade, juntas, de processamento de 24 milhões de toneladas por ano, a partir de 2010, o que representará acréscimo de 70% na produção atual do Brasil, que é de 34 milhões de toneladas anuais de aço bruto.

O investimento previsto no projeto é de US$ 11,4 bilhões. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deverá entrar com financiamentos da ordem de US$ 4 bilhões, equivalente a uma participação de 33%.

O megaprojeto foi apresentado ontem pelo governador do Maranhão, José Reinaldo Tavares, e o diretor da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), Dalton Nosé, ao presidente do BNDES, Carlos Lessa, em reunião na sede do banco, realizada ontem no Rio.

O novo pólo siderúrgico implicará ainda investimentos de ampliação do porto de Itaqui, da Vale, para o escoamento do aço e recebimento de carvão mineral importado. Segundo o projeto, as siderúrgicas terão capacidade inicial, cada uma, de quatro milhões de toneladas de placas de aço, expandida para oito milhões de toneladas anuais na segunda etapa. O aço produzido será destinado à exportação, devendo gerar US$ 9 bilhões por ano em divisas ao País. A previsão é de criação de cerca de 50 mil empregos.

O anúncio de instalação do pólo siderúrgico do Maranhão foi feito dois dias depois de Lessa ter exortado, na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília, empresários a apresentarem grandes projetos ao banco estatal de fomento.

De acordo com o vice-presidente do BNDES, Darc Costa, a primeira usina deverá iniciar construção em 2005, devendo ter a primeira etapa concluída três anos. Costa disse que o projeto ainda não tem definida a composição de sócios. Mas assegura que todos os grupos internacionais do setor estão interessados: sul-coreanos, chineses, japoneses, alemães e franceses, afirmou, sem citar nomes de empresas. "Há grupos nacionais também interessados, não só do setor siderúrgico", disse ele, referindo-se ao setor cimenteiro e à possibilidade de participação dos fundos de pensão, embora Costa reconheça que estes já estão hoje com sua carteira de investimentos acima do limite.

Além de financiamento, o BNDES poderá ter participação acionária do pólo do Maranhão, criando, por exemplo, uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) em parceria com a Vale do Rio Doce.

Costa não disse, mas uma das usinas no Maranhão será construída em parceria entre a chinesa Baosteel e a Vale do Rio Doce, com possível participação da européia Arcelor.

Uma das preocupações centrais do BNDES é garantir presença majoritária de capital nacional no empreendimento e fazer com que o pólo siderúrgico do Maranhão não se transforme num centro de custos. Ou seja, as exportações de aço terão que ser realizadas a preços internacionais.

O executivo do BNDES persegue a meta de o Brasil atingir produção de 60 milhões de toneladas de aço por ano, a partir de 2012, dadas as vantagens competitivas do País, que tem o melhor minério de ferro do mundo e os menores custos de produção.

Costa disse que está ainda em fase de negociação com a européia Arcelor a participação que o BNDES terá na futura holding que será criada para reunir os ativos siderúrgicos da Arcelor no Brasil (Companhia Siderúrgica de Tubarão, Acesita e Vega do Sul).