Título: Consumidor pretende ir às compras, sem aumento nos gastos
Autor: Dimalice Nunes
Fonte: Gazeta Mercantil, 24/09/2004, Indústria & Serviços, p. A-10
Embora a intenção de compra dos consumidores para o quarto trimestre deste ano tenha crescido, o mesmo não aconteceu com a intenção de gastos com bens duráveis e semiduráveis. Dos nove segmentos pesquisados na sondagem Expectativas de Consumo, realizada pela Canal Varejo em conjunto com o Programa de Administração de Varejo (Provar), da Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo (USP), sete apresentaram quedas na intenção de gastos no próximo semestre.
A pesquisa, feita no município de São Paulo, investiga a disposição de compra e gasto para linha branca, móveis, eletro-eletrônicos, material de construção, automóveis, autopeças, artigos de foto e ótica, informática e produtos de cama, mesa e banho. Os consumidores aumentaram a intenção de gasto somente para produtos de foto e ótica e autopeças entre o último trimestre de 2003 e o mesmo período deste ano.
A intenção de compra subiu, mas é provável que o varejo dos ítens pesquisados não fature mais. "Pode ser um Natal de lembrancinhas", resume o coordenador da pesquisa, Luiz Paulo Fávero.
Na opinião do economista, uma boa interpretação para esse dado da pesquisa é que o consumidor já esteja começando a colocar o "pé no freio". Para Fávero, os bons números da economia e principalmente a queda do desemprego e aumento da renda causaram impacto no comércio nos últimos meses, pois havia um forte consumo reprimido. Agora o consumidor pondera melhor as compras e controla os gastos, pois muitos já comprometeram parte do orçamento com prestações.
Outro fator limitante para o gasto, segundo Fávero, é o aumento das taxas de juros, embora elas não tenham impacto imediato no mercado: "Em média, 70% das compras dos ítens da pesquisa não são feitas a vista. O aumento dos juros afeta a intenção de gasto e deixa o consumidor mais cauteloso".