Título: Juros futuros reagem bem com sinal de ajustes lentos da Selic
Autor: Jiane Carvalho
Fonte: Gazeta Mercantil, 24/09/2004, Finanças & Mercados, p. B-1

O mercado de juros futuros reagiu positivamente à ata do Copom divulgada ontem. A maior parte dos contratos de Depósito Interfinanceiro, negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), registrou queda, principalmente os de prazos mais longos. Os DIs com vencimento em janeiro de 2005, os mais líquidos com 253.412 mil contratos fechados, projeta uma taxa anualizada de 16,68%. Isto representa uma queda de 0,4 ponto percentual sobre a taxa do dia anterior.

Na visão do mercado, embora o Copom tenha sinalizado que possa haver novos aumentos na Selic nas próximas reuniões, o tom cauteloso da ata deixou claro também que qualquer mudança será gradual. Segundo analistas, os dois pontos centrais da ata - mudança na meta de inflação perseguida pelo BC e na previsão de alta dos preços administrados - não foram surpresa porque as expectativas anteriores já não eram reais.

Outro fator que, aliado à ata do Copom colaborou para a queda dos juros futuros, foi a decisão do governo de aumentar o superávit primário de 4,25% para 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Embora o aumento de 0,25 ponto percentual não seja grande, o sinal de que o governo vai continuar com uma política rigorosa de controle dos gastos públicos, o que reduz parte da pressão sobre a inflação, agradou.

A divulgação da ata do Copom praticamente não teve reflexos sobre a cotação do dólar comercial. Segundo analistas, o mercado já assimilou o fato de o BC agora focar suas ações no controle de preços e não do câmbio, o que reduz a influência de suas decisões. A moeda norte-americana fechou em R$ 2,88, uma queda de 0,03%. O C-Bond, principal papel da dívida brasileira, fechou cotado a 98,87 % do valor de face, uma redução de 0,5%.