Título: Tesouro define o que terá de pagar em 2005
Autor: Simone Cavalcanti
Fonte: Gazeta Mercantil, 24/09/2004, Finanças & Mercados, p. B-2

O Tesouro Nacional poderá captar US$ 4 bilhões no mercado interno para honrar parte da dívida pública federal externa que vence no próximo ano. Tudo depende de um acordo a ser firmado entre a instituição e o Banco Central. Em 2004, o acordo previa que o Tesouro iria a mercado para fazer caixa e pagar organismos multilaterais, entre eles Banco Mundial (Bird) e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

O total da dívida a vencer em 2005, que inclui pagamento de bônus, Bradies e Clube de Paris, é de US$ 11,31 bilhões. Desse montante, o governo terá garantido no Orçamento da União, US$ 1,09 bilhão, principalmente por causa da assunção da dívida de estados e municípios. Outros US$ 6 bilhões serão financiados com captações externas. O valor dos pagamentos não leva em conta os vencimentos de US$ 6,7 bilhões referentes ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

De acordo com documento divulgado pelo Tesouro, dos US$ 11,31 bilhões, US$ 6,96 bilhões são de bônus soberanos, dos quais R$ 2,54 bilhões referem-se ao principal e US$ 4,41 bilhões de juros. Já os Bradies a vencer totalizam US$ 2,61 bilhões, sendo US$ 1,86 bilhão de principal e US$ 750 milhões de juros. A dívida com Clube de Paris é de US$ 1,74 bilhão, com US$ 1,6 bilhão principais e US$ 140 milhões de juros.

A partir de janeiro de 2005, a gestão da dívida pública federal externa deixa de ser feita pelo BC e passa para as mãos do Tesouro. O governo deixa claro em estudo "Estratégia para Financiamento Externo em 2005" que, desde já, há um planejamento para a nova gerência, como ocorre hoje com a dívida pública mobiliária federal interna.

A intenção é, gradualmente, reduzir o risco de refinanciamento da dívida. O governo quer criar "benchmarks" nos principais mercados de títulos emergentes e ampliar a base de investidores em títulos do país, tanto geograficamente, com diversificação de moedas, como pelo perfil.

Uma das estratégias que será usada no próximo ano segue o que já vem sendo feito no mercado interno pelo Tesouro Nacional. De acordo com o documento, haverá divulgação antecipada e regular da forma de endividamento.