Título: BNDES financia o capital de giro para pequenas empresas
Autor: Adriana Thomasi
Fonte: Gazeta Mercantil, 24/09/2004, Gazeta do Brasil, p. B-13

Com juros abaixo dos de mercado, ação busca gerar renda e emprego em municípios cearenses com potencial produtivo. Micros, pequenos e médios empresários, dispostos a aumentar a produção e gerar emprego e renda, contam agora com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para capital de giro. A nova linha de crédito, disponível até 30 de dezembro deste ano, inclui Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), spread básico de 1% ao ano (remuneração do BNDES), mais risco de até 4,5% ao ano (remuneração do agente financeiro).

"O resultado é um custo médio anual entre 14% e 15%, bem abaixo dos praticados hoje no mercado, que oscilam em torno de 27% a 43% ao ano, com variação mensal entre 2% e 3%", explica o coordenador da Unidade de Articulação de Crédito (UAC), do Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará (Indi), da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Fernando César Frota Aragão.

O prazo total de operação é de 24 meses, no máximo, e carência de até 12 meses. A nova linha atende antiga demanda dos empresários - aglomerados produtivos nos municípios de Fortaleza, Aquiraz, Aracati, Caucaia, Cascavel, Eusébio, Horizonte, Maracanaú, Quixadá, Iguatu, Marco, Jaguaruana, Maranguape, Russas, Juazeiro do Norte e Santana do Cariri.

"Com essa investida, o BNDES quer fortalecer a capacidade de geração de emprego e renda no País", assinala Aragão, ao observar que a operação depende da demanda identificada nos estados. No Ceará, de acordo com o coordenador, são contemplados setores de abate e preparação de carne e pescado; beneficiamento de fibras, fiação e tecelagem; fabricação de artefatos têxteis a partir de tecidos; confecção de artigos do vestuário e acessórios; calçados; edição, impressão e reprodução de gravações; cerâmico; minerais não-metálicos; artigos do mobiliário; atividades de informática; e fabricação de produtos diversos. Aragão diz que a demanda das empresas no estado 50% é para capital de giro

Regras

Os limites para os financiamentos variam de acordo com o porte da empresa. Para as microempresas chegam a 15% da receita operacional anual bruta e o montante não poderá ultrapassar o valor de R$ 100 mil. No caso das pequenas empresas, o limite é de R$ 500 mil, representando até 10% da receita operacional anual bruta. A empresas de médio porte serão financiados até 8% da receita operacional anual bruta - valor não poderá ultrapassar o teto de R$ 4 milhões.

Aragão adianta que a variação nos percentuais sobre o faturamento anual busca oferecer condições empresas de menor porte, com dificuldades de acesso ao crédito para capital de giro, em especial. "No caso da nova linha, as porcentagens são inversamente proporcionais ao tamanho das empresas", esclarece Aragão. O coordenador estima que o crédito do BNDES deverá alavancar a produção.

A Unidade de Articulação de Crédito, que funciona no 2º andar da Fiec, registrou de janeiro a agosto deste ano demanda da ordem de R$ 918 milhões - correspondendo a propostas de 858 empresas cearenses - diante do R$ 812 milhões , registrados no ano passado, aumento de 13,1%. A UAC opera como facilitador de financiamento e consultoria. "Nem sempre a necessidade é de recursos. Algumas vezes, o problema é de gestão e procuramos o melhor caminho", afirma.