Título: Aladi impulsiona exportação brasileira
Autor: Lívia Ferrari
Fonte: Gazeta Mercantil, 28/09/2004, Nacional, p. A-6

Os latino-americanos compraram até agosto passado US$ 12,3 bilhões em mercadorias. O desempenho do comércio exterior brasileiro revela que a estratégia do governo de ênfase no processo de integração sul-americana está na direção correta.

Os países que compõem a Associação Latino-Americana de Integração (Aladi) ¿ todos da América do Sul, mais República Dominicana e México ¿ destacam-se como os principais responsáveis pela expansão de 34,5% das exportações brasileiras até o mês de agosto deste ano.

Juntos, os latino-americanos compraram, até agosto último, US$ 12,3 bilhões em mercadorias brasileiras, com incremento de 60,7% sobre mesmo período do ano passado, e com participação de 30% no crescimento total das vendas externas do país nos primeiros oito meses de 2004.

Isso significa que do aumento absoluto de US$ 15,8 bilhões nas exportações brasileiras até agosto último, em comparação com igual período do ano passado, os negócios com os parceiros da Aladi garantiram receitas adicionais de US$ 4,6 bilhões no período.

Em seguida, aparece a União Européia (UE) como segunda maior responsável pela alta das vendas externas do Brasil, respondendo por 25,3% do crescimento global, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

A tendência se mantém no horizonte de mais longo prazo. Nos últimos 12 meses terminados em agosto, a Aladi também se destaca como o maior responsável pela expansão das vendas brasileiras, respondendo por 32% ¿ US$ 6,3 bilhões ¿ do incremento total no período, que foi de US$ 20 bilhões.

Mercosul tem alta participação

No bloco da Aladi, o Mercosul, individualmente, deu a maior contribuição às exportações do país. As vendas para Argentina, Uruguai e Paraguai aumentaram 72,8% nos primeiros oito meses do ano, passando de US$ 3,27 bilhões para US$ 5,65 bilhões, contribuindo, assim, com 15% do acréscimo total das exportações do país. Somente para a vizinha Argentina, com vendas de US$ 4,7 bilhões até agosto passado, o Brasil exportou mais 78,5% em mercadorias, respondendo por 13% do crescimento total.

"Os resultados por destino das exportações estão coerentes com o perfil dos produtos embarcados", observa o economista do Instituto de Ciências Econômicas e Gestão (Iceg), Hugo Faria, lembrando que a América Latina é o principal mercado para os produtos manufaturados brasileiros e o continente europeu, o líder nas importações dos produtos agrícolas.

Não é à toa, portanto,que o total das exportações brasileiras de manufaturados foi de US$ 32,5 bilhões até agosto, com incremento de 32,8% na comparação com mesmo período do ano anterior.Também as exportações de produtos básicos deram um salto de 46% no período, somando US$ 19,4 bilhões. Aí estão as commodities agrícolas, que têm na Europa seu principal importador. Por blocos econômicos, a Aladi também garantiu o maior superávit comercial do Brasil, de US$ 6 bilhões, seguida pela União Européia (UE), com US$ 5,2 bilhões.

A Argentina é destaque entre os países que proporcionaram os maiores superávits ao país.

O saldo até agosto último com os argentinos já acumulava US$ 1,2 bilhão, invertendo posições: o Brasil era tradicionalmente deficitário com o país vizinho.

Único déficit é com a África

Também merece destaque o fato de cinco países latino-americanos (Argentina, México, Chile, Venezuela e Colômbia) se colocarem entre os dez parceiros com quem o Brasil manteve maiores saldos comerciais até agosto último.

Da mesma forma, nos últimos 12 meses, o maior superávit ocorreu com a Aladi ¿ US$ 8,4 bilhões ¿, superando a União Européia ¿ US$ 7,8 bilhões.

O único déficit comercial do país este ano é com o continente africano, de US$ 1,35 bilhão, devido às importações de petróleo da Argélia, de Angola e da Nigéria.