Título: PT e PSDB disputarão voto do eleitor de classe média
Autor: Ivanir José Bortot
Fonte: Gazeta Mercantil, 28/09/2004, Política, p. A-8

Eleição na cidade será uma das mais acirradas da história. Os candidatos Ângelo Vanhoni (PT) e Beto Richa do PSDB estão próximos de confirmarem sua ida ao segundo turno na disputa pela cadeira de prefeito Curitiba. A menos de uma semana do pleito, as pesquisas de intenção de voto indicam que o candidato do PT tem 28% das intenções de voto e o postulante do PSDB tem 27%. Em terceiro lugar aparece o candidato do PPS, Rubens Bueno, com 11%.

A disputa, que se apresenta como uma das mais acirradas da história de Curitiba, está baseada no campo de centro-esquerda, uma vez que o candidato do PFL, Osmar Bertoldi - que conta com o apoio do atual prefeito Cássio Taniguchi, aparece em quarto lugar nas sondagens com 8%. O percentual de eleitores indecisos ou que votam em branco ou que irão anular o voto ainda é alto e gira em torno de 19%.

A briga por votos para no segundo turno entre os candidatos é acirrada e qualquer apoio neste momento é considerado bem vindo. O tucano Beto Richa, atual vice-prefeito de Cássio Taniguchi, quer contar com o apoio do pefelista. Os estrategistas de Richa entendem que o eleitor candidato do PFL já é praticamente todo do PSDB. A disputa agora é busca pelos votos de Rubens Bueno, uma vez que o ex-peemedebista Gustavo Fruet, filho do ex-prefeito Maurício Fruet também apóia o candidato tucano.

Votos da classe média

O comando de campanha de Richa entende que o candidato precisa ocupar os espaços do eleitor da classe média, do profissional liberal e estudantes que torcem pela manutenção da atual política econômica do governo do presidente Lula e também pelo aumento da qualidade de vida dos cidadãos de Curitiba.

Também pensando no segundo turno, os assessores do candidato petista fazem um diagnostico parecido com o tucanato curitibano. A idéia de se associar ao governo federal é uma das atitudes do comando de campanha de Ângelo Vanhoni para conquistar votos. O programa eleitoral do petista contou com a presença do ministro da Fazenda, Antônio Palocci Filho. O ministro disse, no horário eleitoral gratuito, que conhece Ângelo Vanhoni há muito tempo e que seu prestígio junto às autoridades em Brasília podem render muitos benefícios à população de Curitiba. "Vanhoni é sério, preparado, compentente e significa renovação. Tem propostas novas e criativas e, é muito respeitado em Brasília", disse Palocci no programa do PT.

Sondagens realizadas em Curitiba informam que Palocci é o ministro do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com maior índice de aprovação junto à população da cidade pelo trabalho que realizando de garantir a estabilidade econômica à frente do ministério da Fazenda.

Vanhoni também recebe apoio do governador do estado Roberto Requião (PMDB), que apóia de forma explícita o presidente Lula. Requião foi contra a posição de diversos correligionários de seu partido, que desejavam uma candidatura própria. A época, o governador peemedebista já fazia uma análise de que a disputa entre os candidatos de esquerda seria apertada e que poderia haver espaço para dispersão de forças para acabar com o legado do ex-governador Jaime Lerner (PFL).A periferia da cidade apresentasse como o ponto estratégico na busca pelo voto. Este eleitorado se concentra nas mãos de Vanhoni desde 2000, quando petista foi candidato pela primeira vez. O aumento da população, especialmente na periferia, que veio a Curitiba em busca de empregos, que seriam gerados pela chegada de novas industrias na cidade, aumentou a demanda por serviço assistenciais a insatisfação com as políticas públicas.

Nas eleições de 2000 o então candidato Cássio Taniguchi, que detinha o apoio de Lerner, teve que mudar a estratégia de marketing de "Curitiba Capital Ecológica, para "Curitiba Capital Social" - voltada a problemática assistencial- para vencer as eleições, no segundo turno contra Vanhoni. Hoje, todo os candidatos vem tentando seduzir o eleitor com ações que possam amenizar as dificuldades geradas pela falta de assistência social como educação, saúde e segurança. Vanhoni vai agora em busca do eleitorado da classe média, que está concentrado nas mãos de Beto Richa. A coordenação da campanha do PT informa que nas últimas pesquisas, a preferência de Vanhoni junto a classe média, formadores de opinião, e pessoas de maior nível de renda e escolaridade subiu.

O candidato tucano aparece bem posicionado nas classes A e B de Curitiba. A coordenação do tucano avalia que Richa poderia estar melhor nas pesquisas não fosse a candidatura de Rubens Bueno, que também concentra votos nesta camada da população.