Título: PDT quer emergir com força das urnas
Autor: Sérgio Pardellas
Fonte: Gazeta Mercantil, 28/09/2004, Política, p. A-8
O PDT parece ter superado o trauma da perda de seu maior líder, o ex-governador do Rio Leonel Brizola, com a forte perspectiva de emergir das urnas mais forte do que entrou e se consolidar no País como uma alternativa real à esquerda do PT. Levantamento realizado com base nas pesquisas de intenções de votos revelou que o partido tem reais chances de vitória em seis das 72 maiores idades (capitais e municípios com mais de 200 mil habitantes), atrás somente do PSDB (22), PT (20), PMDB (9). São elas, Salvador (BA), São Luís (MA), Maceió (AL), Campinas (SP), Macapá (AP) e Porto Alegre (RS).
Juntas, essas cidades totalizam um eleitorado de cerca de 3 milhões de eleitores. Consumada a vitória nessas seis cidades, o partido quase dobraria seu eleitorado governado que está atualmente em 1,7 milhão nos 68 mais importantes municípios brasileiros.
"Estamos ocupando um vazio deixado pelo PT que deu uma guinada para o centro e, é claro, capitalizando com a herança de um partido sério que não se vende e com um histórico em defesa do trabalhador deixada por Brizola", comemora o presidente do partido, Carlos Lupi.
Em Salvador, o candidato João Henrique Carneiro, com uma margem de 13 pontos percentuais de diferença em relação a seu principal adversário, o senador César Borges (PFL), lidera as pesquisas eleitorais. Em São Luís, a mais recente pesquisa Ibope apontou a liderança do atual prefeito da cidade, Tadeu Palácio (PDT), com 48% das intenções de voto e, em Maceió, o candidato pedetista Cícero Almeida também figura à frente nas pesquisas para liquidar a fatura já no 1º turno.
Em Campinas, o deputado Dr. Hélio, ruma a passos largos para o 2º turno. O PDT também aparece com chances em Macapá, onde o ex-senador Sebastião Rocha é apoiado pelo governador pedetista Waldez Góes, e apresenta reais possibilidades de passar para o 2º turno e, em Porto Alegre, com o candidato Vieira da Cunha.
Nos três maiores colégios eleitorais o cenário que se desenha também é animador. O partido estima emplacar 90 prefeituras ¿ São Paulo (25), Rio de Janeiro (15) e Minas Gerais (50), três vezes mais do que nas eleições de 2000. Ao todo, o PDT apresenta 1024 candidatos à prefeituras e 14 mil postulantes a vereador no território nacional.
Com a perspectiva de se tornar o quarto partido em número de eleitorado governado, a sigla espera se firmar como uma opção à esquerda do PT. Não por acaso, intensificou nos últimos dias o diálogo com o PPS, de Roberto Freire a fim de formar um bloco partidário. "Em maio, iniciamos nosso projeto Brasil Trabalhista. Após as eleições municipais vamos abrir as portas aos brasileiros de bem, frustrados com o PT", afirmou Lupi.
Nas eleições de 2000, o PDT havia sido o partido que mais perdeu: 19% dos votos em relação ao pleito em 1996. Embora vencendo em duas modestas capitais (São Luis e Porto Velho), perdeu 147 prefeituras. No Rio, então base política de Brizola, o partido tem desempenho razoável.