Título: Cautela marca o começo da semana
Autor: Silvia Araújo
Fonte: Gazeta Mercantil, 28/09/2004, Mercados & Finanças, p. B-3

Dólar sobe 0,10% e é cotado a R$ 2,874; contratos de juros futuros ficam estáveis na BM&F. O avanço do petróleo no mercado internacional e as expectativas em relação ao relatório trimestral de inflação que o Banco Central divulga nesta semana travaram os negócios no mercado doméstico. Os principais ativos financeiros encerraram o dia próximos da estabilidade. Em sessão apática, o dólar subiu 0,10%, cotado a R$ 2,874. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o volume reduzido de negócios refletiu a cautela que caracterizou o comportamento dos investidores.

A cotação do óleo estabeleceu um novo recorde em Nova York. Encerrou a US$ 49,64, com alta de 1,53%, refletindo a preocupação com a retomada das operações no Golfo do México, a instabilidade na Nigéria e as incertezas sobre o abastecimento oriundo de grandes produtoras, como Rússia, Arábia Saudita e Iraque. As reservas de petróleo nos EUA seguem em queda, mas a posição da Casa Branca é a de que o governo não deve, pelo menos por enquanto, utilizar a reserva estratégica para segurar os preços da commodity, conforme as agências internacionais.

Analistas acreditam que hoje o preço do barril pode romper a barreira dos US$ 50 e começar a buscar patamares mais elevados. O receio em torno dos preços do petróleo e seus efeitos sobre a economia norte-americana, em especial sobre a inflação, sustenta a tese de que poderá ser necessário um aperto monetário mais forte nos EUA. Hoje, a taxa de juros do país é de 1,75% ao ano.

Um ajuste maior pode inibir o apetite dos investidores por papéis da dívida de emergentes, comprometendo a taxa de risco desses países. Nesse cenário, o C-Bond, principal título da dívida brasileira, cedeu 0,51%, a 98,62% do valor de face. O risco-Brasil subiu 1,87%, para 486,3 pontos.

Esse indicadores influenciaram o câmbio doméstico. O dólar (+0,10%) só não subiu mais, por conta dos números da balança comercial. No acumulado do ano, o superávit já chega a US$ 24,888 bilhões. A desaceleração dos preços medidos pelo IPC da Fipe, que ficou em 0,32% na terceira prévia de setembro - abaixo das estimativas de mercado -, também contribuiu para a relativa estabilidade dos ativos financeiros.

Outro dado importante foi a manutenção das projeções do mercado em 5,8% para o IPCA em 2005, segundo a pesquisa semanal divulgada pelo BC, após quatro semanas de alta. As expectativas para o índice em 2004 e para os 12 meses à frente recuaram.

No segmento de juros futuros, o contrato de abril de 2005 - o mais líquido - fechou praticamente estável a 17,12% ao ano, ante 17,14% do ajuste da sexta-feira passada. O volume de negócios foi de pouco mais 43 mil contratos, com giro de R$ 4 bilhões - na última sessão, o movimento tinha sido de R$ 11,3 bilhões. Já o DI de janeiro de 2005 apontou a mesma taxa da sexta-feira: 16,67%.