Título: Crescem as exportações das indústrias de plástico
Autor: Guilherme Arruda
Fonte: Gazeta Mercantil, 28/09/2004, Gazeta do Brasil, p. B-13

Setor prevê encerrar este ano com US$ 830 milhões de vendas ao exterior, um crescimento de 30% sobre 2003. As indústrias brasileiras de transformação de plástico vão encerar o ano de 2004 com exportações totais ao redor de US$ 830 milhões. É mais do que o montante fixado no âmbito do programa Export Plastic, firmado em dezembro do ano passado, que previa um adicional de US$ 52 milhões sobre os US$ 630 milhões alcançados em todo o ano passado. A diferença entre um ano e outro será de um crescimento de 30% no volume embarcado. O ânimo tomou conta do setor: fora do Export Plastic os empresários esperavam dar um salto até 2007 de US$ 300 milhões sobre a base de 2003, ou seja, ficar próximo da barreira de US$ 1 bilhão exportado. Diante da possibilidade desse marco ser alcançado antes do prazo, a nova previsão do setor para 2007 foi corrigida para US$ 1,3 bilhão.

As projeções foram feitas no Fórum Latinoplast, realizado na semana passada na cidade de Gramado (RS), reunindo empresas de primeira, segunda e terceira geração para troca de conhecimento e debates em torno de temas como a integração, sistemas de investimentos, fatores tecnológicos, internacionalização e competitividade. Foi o primeiro fórum nacional envolvendo toda a cadeia para analisar estas questões. Segundo empresários e dirigentes, os transformadores de plástico passam por dois importantes momentos: exportações e substituição de importação de produtos transformados. A cultura de exportação, segundo eles, está avançando gradativamente e de forma consistente.

O representante do Instituto Nacional do Plástico (INP), Wagner Delarovera, que também é gerente do Export Plastic, programa que conta com apoio da APEX, Petrobras, empresas petroquímicas da segunda geração e sindicatos de indústrias transformadoras de todo o País, disse que entre janeiro e junho deste ano, as exportações brasileiras cresceram 25% sobre igual período de 2003, registrando US$ 400 milhões. "O foco tem sido nos países do Nafta e da União Européia que estão crescendo a taxas próximas de 15% ao ano", comentou o executivo. "Os Estados Unidos importaram o ano passado US$ 40 bilhões", acrescentou.

O diretor-superintendente do INP, Paulo Dacolina, disse que as indústrias de transformação no Brasil somam cerca de 7,5 mil empresas, sendo 97% delas com até 100 empregados, e empregam aproximadamente 230 mil pessoas. Em 2003, movimentou US$ 9,7 bilhões, e deve fechar 2004 com crescimento entre 4% e 5%. "Este ano vamos recuperar o desempenho negativo de 2003, talvez com um pequeno ganho. Contudo, acredito que em breve voltaremos a proporção 3 x 1, isto é, crescer três vezes mais que a taxa do PIB nacional. O potencial é muito grande", disse Dacolina, lembrando que o consumo de plástico per capita ano no Brasil é de apenas 23 quilos por habitante/ano, enquanto que nos EUA é de 120 kg/hab/ano, na Europa é de 90, no México é de 60 e na Argentina é de 35 kg/hab/ano.

Se mercado interno persistir no ritmo ascendente de crescimento em 2005 ainda há como atender a demanda, pois o setor trabalha hoje com ociosidade em torno de 30%, capaz de suportar crescimento de até 8%. Se as taxas se mantiverem altas por mais dois anos, no entanto, será preciso investir pesado para ampliar a capacidade instalada. "Hoje já enfrentamos escassez de alguns itens", disse o presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Rio Grande do Sul (Sinplast), Hugo Luiz Doormann, diretor da Doormann S.A., fabricante de embalagens plásticas.

De acordo com estimativas divulgadas no evento, o setor plástico vai investir este ano aproximadamente R$ 600 milhões em expansão e na modernização do parque fabril. "Teria que ser o dobro em 2005 para fazer frente ao incremento das exportações", alertou a diretora da Petroquímica Triunfo, Maria Regina Piña Rodrigues da Silva. Assim como ela, as empresas de segunda geração estão bastante interessadas em que o transformador exporte mais. "O desafio é estimular o empresário da terceira geração a investir para competir lá fora. Tem gente pronta, mas não tem cultura. Temos que puxá-los para ter esta visão de futuro", disse a executiva.

Hugo Doormann, presidente do Sinplast, salientou que os segmentos de linha branca e automotivo estão puxando o crescimento das indústrias de transformação este ano, mas critica os reajustes de preços das matérias-primas. Os fornecedores, segundo ele, já estão anunciando para o mês de outubro aumento de 10% a 12%, o que significará um acúmulo no ano de 70%. "As empresas de terceira geração não têm como repassar isso para frente. O setor tem absorvido o que pode, mas se continuar assim quebra. Nossas margens estão comprimidas", disse Doormann.

Triunfo

A Petroquímica Triunfo deve encerrar o ano com receita bruta total ao redor de R$ 660 milhões, o significando um crescimento superior a 30% sobre o montante obtido no exercício passado, que foi de R$ 500 milhões, conforme previsão feita pela diretora Maria Regina Piña Rodrigues da Silva, feita na semana passada em Gramado (RS) durante o Fórum Latinoplast.

De acordo com ela, parte desse crescimento está baseada em uma pequena recuperação de preços. O mercado interno, contudo, está mais ativo este ano, registrando no primeiro semestre, elevação de 4% sobre igual período do ano passado, basicamente impulsionado por indústrias de transformação ligadas a exportação. Embora reconheça que os preços praticados no Mercosul tenham melhorado este ano, as exportações da Petroquímica Triunfo recuaram nos primeiros seis meses deste ano. Em 2003, as exportações participaram com 29% do faturamento entre janeiro e junho, e neste ano caiu para 20%, no mesmo período. "Tanto no ano passado como neste ano, a participação das exportações sobre o faturamento manteve-se em 20%", ressaltou a executiva.

A empresa possui capacidade instalada para processar anualmente 160 mil toneladas de polietileno de baixa densidade. No entanto, opera com 130 mil toneladas por ano em função de contrato firmado com a Petrobras.

"No ano passado trouxemos 8 mil toneladas de polietileno de baixa densidade importada da unidade da Dow Química na Argentina, mas os preços neste ano ficaram inviáveis e não compramos nada. O plano inicial neste ano, era importar 17 mil toneladas", informou Maria Regina da Silva.

kicker: Previsão dos empresários para 2007 foi corrigida para US$ 1,3 bilhão