Título: Retomada do consumo atinge 5,7% entre janeiro e julho
Autor: Luciana Collet
Fonte: Gazeta Mercantil, 27/09/2004, Energia, p. A-9
Mesmo com provável reajuste nos preços, crescimento deve se manter. O consumo de combustíveis mantém a retomada no início do segundo trimestre deste ano, embora sua trajetória de crescimento tenha desacelerado. De acordo com dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP), a venda de derivados de petróleo aumentou 5,7% entre janeiro e julho deste ano em relação ao mesmo período de 2003 e alcançou 49,56 milhões de metros cúbicos (m³). O aumento no consumo em 2004 atingiu o pico de 7,5% em abril.
O movimento se repete nos dois principais derivados vendidos no País, gasolina e óleo diesel, que juntos respondem por 70% do total das vendas no mercado nacional. A gasolina, que em janeiro apresentou aumento de 2,8% no consumo, chegou a registrar 12,2% de crescimento até abril, em relação ao mesmo período de 2003. A partir de maio, as taxas começaram a cair, ficando em 7,7% no acumulado até julho, em comparação com os sete primeiros meses do ano passado. No mercado de diesel, a variação foi um pouco menor e o combustível atingiu um crescimento de 3,5% no início de 2004 com um pico de 8,6% em abril em relação ao volume registrado nos quatro primeiros meses de 2003, e caiu para 6,1% no início do segundo semestre deste ano.
Já as vendas de álcool deram um verdadeiro salto, com um aumento de 40,6% no acumulado até julho. Foram vendidos nos sete primeiros meses do ano 2,46 milhões de m³ do combustível. Além do incremento nas vendas causado pelo lançamento dos carros flexfuel, os números refletem o aumento das vendas "oficiais", já que com a redução do ICMS nos estados de São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro sobre as vendas de álcool, fez cair o volume de combustível sonegado.
Segundo o diretor do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), Alísio Vaz, o pico de crescimento deste ano foi verificado devido à baixa base de comparação. "A retração de consumo foi bastante forte no final do primeiro e início do segundo trimestre de 2003, por isso a recuperação em 2004 foi maior neste período", disse. A queda no consumo de combustíveis atingiu 14% em março do ano passado, em relação ao acumulado do ano anterior.
Membro do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), Adriano Pires também credita a elevada taxa de crescimento no acumulado até abril à retração verificada com mais intensidade no primeiro semestre do ano passado. "No segundo semestre houve o início da retomada econômica e o consumo tomou o mesmo caminho", disse. Embora as vendas combustíveis tenham fechado 2003 com queda de 5,6%, em dezembro ocorreu a maior demanda desde 2000.
Segundo Pires, o aumento do consumo para 2004 deve ser de pelo menos 3,5%. "Dependendo do comportamento da economia, o crescimento pode até chegar aos 4,5% e 5%", afirmou. Mesmo com o cenário mais otimista, as vendas de 2004 não devem atingir os de 88,3 milhões de m³ de 2002.
Segundo Pires, nem mesmo uma potencial alta nos preços da gasolina, do diesel e do gás liqüefeito de petróleo (GLP) - que fecharam a última semana com defasagem em relação aos preços internacionais de cerca de 14%, 20% e 36%, respectivamente - pode prejudicar o aumento das vendas. "A queda do consumo é menor que o aumento nos preços porque boa parte da demanda independe das cotações", disse. Ele exemplifica com o último aumento dado pela Petrobras, de 10,8% para a gasolina e 10,6% para o diesel nas refinarias em junho, que não fizeram com que o consumo caísse de forma significativa. A gasolina, por exemplo, apresentou em julho um aumento de 6,1% nas vendas em relação a junho, atingindo 1,9 milhão de m³, maior volume já comercializado nesse período. No mercado de diesel o recorde de vendas pelas distribuidoras foi registrado em julho com 3,3 milhões de m³, 5,8% mais que o de junho.
"Outros derivados, como nafta, querosene de aviação e óleo combustível, que sofreram aumentos de preço acompanhando as cotações internacionais, mantiveram o crescimento nas vendas", disse. O querosene de aviação saiu de uma queda de 9% em janeiro deste ano para um aumento de 3,4% no acumulado até julho.