Título: Incêndios e greves
Autor: Kleber, Leandro
Fonte: Correio Braziliense, 01/04/2011, Política, p. 4

O mês de março foi marcado por revoltas em canteiros de grandes obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A mais grave ocorreu na usina hidrelétrica de Jirau (RO), o maior empreendimento em construção no Brasil, com 22 mil funcionários. A confusão teve início no último dia 15, quando um motorista de ônibus de uma empresa contratada pela Camargo Côrrea ¿ responsável pela obra ¿ discutiu com um operário. O episódio ganhou proporção e houve um incêndio no canteiro de obras. Quarenta e cinco ônibus e metade dos alojamentos dos funcionários acabaram atingidos pelas chamas. Mais de 30 pessoas foram presas e as obras estão suspensas até hoje porque a revolta se transformou em pontapé para reivindicar mais segurança e qualidade em alojamentos e nos serviços de alimentação.

Uma semana depois, em Mato Grosso do Sul, funcionários da obra da Hidrelétrica de São Domingos, localizada nos municípios de Água Clara e Ribas do Rio Pardo, a 180km de Campo Grande, incendiaram alojamentos. Segundo a Eletrosul Centrais Elétricas, uma briga entre um segurança e um funcionário iniciou o tumulto. A Polícia Militar deteve 80 trabalhadores. Ao todo, seis pavilhões de alojamentos, o refeitório, o centro ecumênico e a guarita terminaram destruídos. Mais de três mil operários trabalham no canteiro.

Até o início desta semana, 80 mil funcionários estavam paralisados em todo o país. Além de Jirau (foto) e São Domingos, 18 mil operários pararam de trabalhar na construção da hidrelétrica de Santo Antônio (RO) e outros 43 mil cruzaram os braços nos complexos portuários de Suape (PE) e Pecém (CE), além de obras na Bahia e no interior do Rio de Janeiro.