Título: Tempos de chumbo
Autor: Luiz, Edson
Fonte: Correio Braziliense, 01/04/2011, Política, p. 5

Tanques e militares nas ruas, principalmente em São Paulo e Minas Gerais, marcaram 31 de março de 1964, quando os militares derrubaram o então presidente João Goulart. Para evitar uma guerra civil no país, o então presidente se refugiou no Uruguai. A crise tinha como pano de fundo a Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética e uma contraposição aberta entre as classes trabalhadoras, simpáticas a Jango, e as alas conservadoras, compostas, entre outros, por integrantes da ala militar e da Igreja, que enxergavam no político uma ameaça de implementação do comunismo no país. Uma fervura que teve início quatro anos antes, quando o então presidente Jânio Quadros renunciou e Jango herdou a função.

O quadro se agravou em 13 de março de 1964, quando o governo fez na Central do Brasil um dos maiores comícios do Rio de Janeiro, para mais de 100 mil pessoas. No discurso, Jango fala, entre outros temas, sobre reforma agrária e da Constituição. Os conservadores rebateram com a Marcha da Família, com Deus, pela Liberdade, que colocou centenas de milhares de pessoas nas ruas de São Paulo, em 19 de março. O ápice ocorreu no dia 31, quando os militares demonstraram força. As primeiras ações, além de forçar a saída de Jango, foram as cassações de políticos e servidores adversários. No início de abril foi editado o Ato Institucional nº 1, o primeiro de uma série que surgiriam, no decorrer do tempo, e restringiriam liberdades. O regime durou até 1985. (EL).