Título: Desemprego cai outra vez em agosto
Autor: Silmara Cossolino
Fonte: Gazeta Mercantil, 29/09/2004, Nacional, p. A-4

A renda média em julho caiu 0,4% ante junho, mas supera a de julho de 2003 em 4,9%. A taxa de desemprego total na região metropolitana de São Paulo passou de 18,5% em julho, para 18,3% da População Economicamente Ativa (PEA) em agosto, atingindo a menor taxa desde o início do governo Lula. Esta foi a quinta queda consecutiva do indicador. A pesquisa de emprego e desemprego realizada pela Fundação Seade, em conjunto com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), que foi divulgada ontem, mostra que o contigente de desempregados em agosto foi estimado em 1,84 milhão de pessoas residentes na região pesquisada.

Segundo o diretor de análise sócio-econômica da Fundação Seade, Sinésio Pires Ferreira, esse comportamento se explica pela entrada de 59 mil pessoas no mercado de trabalho em agosto, número que foi superado pela geração de 68 mil empregos no mesmo período, o que significa um crescimento de 0,8%.

O rendimento médio real de todas as pessoas ocupados, em julho, apresentou uma pequena queda de 0,4% com relação ao mês anterior, passando a equivaler a R$ 1,008 mil. O rendimento médio dos assalariados atingiu R$ 1,047 mil, com retração de 2% ante junho. Quando comparado com julho do ano passado, o rendimento dos ocupados cresceu 4,9%, e o dos assalariados aumentou 1,3%.

A jornada média semanal de trabalho dos assalariados passou de 43 para 44 horas, de julho para agosto. A proporção das pessoas ocupadas que trabalham mais de 44 horas semanais também aumentou, passando de 40,2% para 43,7%. Esse movimento foi verificado em todos os setores de atividade. No caso da indústria, a média passou de 40,5% para 50,6%; comércio, de 55,1% para 60,8% e serviços, de 35,1% para 35,8%.

O contingente de ocupados em agosto foi estimado em 8,2 milhões de pessoas. "O número de desempregados pouco se alterou, diminuindo em 9 mil pessoas. De modo geral, a taxa de desemprego não se alterou porque novas pessoas entraram no mercado de trabalho, o que não foi suficiente para absorvê-las", disse Ferreira.

Os setores que mais abriram vagas em agosto foram serviços, com a geração de 53 mil ocupações, puxado pela aumento do contingente de trabalhadores autônomos, do assalariamento com carteira de trabalho assinada e do emprego público. Foi observado crescimento em outros setores, com 33 mil ocupações geradas, influenciada, principalmente, por serviços domésticos. A indústria apresentou relativa estabilidade, com 4 mil novas ocupações. Por outro lado, houve decréscimo de 22 mil ocupações no setor de comércio, com redução do número de assalariados com e sem carteira.

Na comparação com agosto do ano passado, o desemprego total diminuiu em 8,5%, com a geração de 321 mil postos de trabalho nos últimos 12 meses. Em termos absolutos, representou a saída de 133 mil pessoas do contingente de desempregados. A expectativa dos pesquisadores é de que a taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo deverá continuar em ritmo de queda nos próximos meses. Embora não tenham uma projeção de quanto deve fechar o indicador em dezembro, o Seade e o Dieese esperam uma taxa abaixo de 18%. "É bem provável que fique abaixo disso (18%), mas dizer quanto, é difícil", disse o diretor do Dieese, Clemente Ganz Lúcio.

Para Ferreira, o quarto trimestre deve apresentar um desempenho melhor do que os anteriores. Ele disse esperar que o mercado de trabalho volte a ter um crescimento mais acentuado nos últimos três meses do ano. "A expectativa é de que o quarto trimestre fique bem melhor que o terceiro, porque houve uma parada no mercado de trabalho. A expectativa para os próximos meses, em especial o último trimestre, é que o mercado de trabalho volte a se aquecer", disse.