Título: Dutra diz que Petrobras não tem data fixa para reajustar combustíveis
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Fonte: Gazeta Mercantil, 29/09/2004, Energia, p. A-5

O presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, afirmou ontem que não há mais definição sobre um provável reajuste nos preços dos combustíveis na próxima semana. Dutra disse que foi mal interpretado quando, na semana passada, fez uma avaliação do preço do petróleo no mercado internacional e previu que em dez dias a estatal teria uma definição sobre um provável novo patamar e poderia, com base neste diagnóstico, decidir sobre aumentos nos preços dos combustíveis. O presidente da estatal disse ontem que não há um prazo fixo para que a estatal decida se vai reajustar os preços dos combustíveis. O prazo apontado por ele na semana passada coincide com o período após o primeiro turno das eleições municipais.

Ontem, durante solenidade de entrega da plataforma P-43, Dutra negou que a decisão de aumentar os preços dos combustíveis tenha caráter político e reclamou da vinculação entre as duas datas. "O que eu disse foi que teríamos elementos para formar uma convicção em termos de preços."

Dutra afirmou ontem que a situação para definir um novo patamar nas cotações do petróleo foi alterada nesta semana por conta de novos fatos. Segundo ele, a insegurança na Nigéria é o principal deles. Os rebeldes nigerianos ameaçaram declarar "guerra total" ao governo no dia 1º de outubro e alertaram as empresas petrolíferas que atuam no país para interromperem sua produção. "O mundo todo está preocupado com o aumento do preço do petróleo e eu, como habitante do mundo, também estou preocupado", disse ele.

Sobre as projeções de preços para os combustíveis no mercado brasileiro feitas por analistas, Dutra afirmou haver números para todos os gostos. "Tem gente que diz que há defasagem de 10% e de 30%. Parece a história do político mineiro que foi há 50 anos visitar a China e voltou dizendo que a população estava entre 500 milhões e um bilhão", afirmou Dutra.

Novas plataformas

A nova plataforma da Petrobras, a P-43, deve entrar em operação em novembro e terá capacidade para processar 150 mil barris por dia. A plataforma é resultado da conversão de um petroleiro e é um dos principais pilares para que a estatal atinja a auto-suficiência entre 2005 e 2006. Além da P-43, a estatal terá também a plataforma P-48, em construção em um estaleiro em Angra dos Reis, que tem o início da operação previsto para janeiro do ano que vem. Com a operação das duas novas plataformas, a Petrobras deve aumentar em 20% o volume de produção da companhia no primeiro semestre de 2005 e chegar ao 1,5 milhão de barris. As duas plataformas vão operar na extração de petróleo em águas profundas da Bacia de Campos, no litoral fluminense.

No projeto foram investidos US$ 3,1 bilhões, sendo US$ 1,15 bilhão na construção das plataformas, US$ 1 bilhão na perfuração de poços e US$ 550 milhões nos cabos submarinos. Cada plataforma tem capacidade de processar 6 milhões de m³ de gás e armazenar 1,6 milhão de barris de petróleo.