Título: Cotações mantém alta pelo nono dia consecutivo
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Fonte: Gazeta Mercantil, 29/09/2004, Energia, p. A-6

WTI ultrapassa os US$ 50 durante o pregão e fecha em US$ 49,90. O petróleo bruto ultrapassou ontem o recorde de US$ 50 o barril em Nova York, após o aumento da insegurança na Nigéria com a ameaça de rebeldes de iniciar uma guerra contra o governo do pais nesta sexta-feira. As incertezas sobre o abastecimento da Nigéria, quinto maior produtor mundial, e a expectativa em relação ao relatório sobre os estoques dos EUA ofuscaram a promessa da Arábia Saudita de aumentar sua produção, o que não deverá ter impacto imediato na oferta mundial atual.

A empresa do RoyalDutch/Shell na Nigéria fechou uma estação de bombeamento e retirou funcionários das instalações de petróleo localizadas no delta do Níger. A estação de bombeamento nigeriana da companhia produz normalmente 28 mil barris de petróleo por dia. A interrupção ocorre em um momento em que a disponibilidade do produto nos Estados Unidos enfrenta sua baixa recorde dos últimos 29 anos, depois de oito semanas de queda.

A oferta norte-americana do petróleo proveniente do Golfo do México ficou quase um terço abaixo dos níveis normais devido aos prejuízos causados pelo furacão Ivan. A produção de petróleo do Golfo do México caiu 29%, ou 490,5 barris, a partir do 1,7 milhão de barris produzidos antes da incidência da tempestade tropical, segundo dados do governo americano. O furacão Ivan, que se abateu sobre o litoral do Alabama no último dia 16 de setembro, voltou sob a forma de tempestade tropical na semana passada. O restabelecimento da produção está sendo adiado devido ao contingente limitado de mão-de-obra para reparos. Portanto, o relatório que será divulgado hoje poderá mostrar redução dos barris guardados pela nona semana consecutiva.

"O maior catalisador continua sendo o Furacão Ivan", disse John Kilduff, vice-presidente sênior de administração de risco energético da Fimat USA de Nova York. "Os avanços para fazer as plataformas voltarem à normalidade têm sido tremendamente lentos", disse. Para ele, num cenário como esse, qualquer outro transtorno da produção terá seu efeito amplificado.

Pela oitava sessão seguida, o petróleo bruto para entrega em novembro subiu 0,5%, para US$ 49,90 o barril na Bolsa de Mercadorias de Nova York. Os preços chegaram a alcançar US$ 50,47, seu nível mais alto desde que os contratos futuros começaram a ser negociados, em 1983. Em Londres o petróleo bruto tipo Brent para entrega em novembro subiu 1,1%, para US$ 46,43 o barril na Bolsa Internacional de Petróleo. O Brent alcançou US$ 46,80 o barril, valor mais alto desde o início das negociações desse contrato, em 1988.

Os preços do petróleo podem subir para níveis "bem superiores"'' a US$ 50 o barril com a alta da demanda pelo combustível, disse a empresa de pesquisa Cambridge Energy Research Associates em relatório. "O motivo mais importante para a alta é a excepcional expansão da demanda", disse Daniel Yergin, presidente do grupo. "Este ano deverá registrar a maior demanda desde 1978", afirmou.