Título: Avaliação positiva do Planalto em alta
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Gazeta Mercantil, 29/09/2004, Política, p. A-10

A avaliação positiva do governo de Luiz Inácio Lula da Silva aumentou em relação ao mês passado. Pesquisa da CNT/Sensus divulgada ontem mostrou que 41,3% dos entrevistados aprovam o governo petista, contra 38,2% que tinham a mesma opinião em agosto. A avaliação negativa apresentou leve queda, passando de 17,7% em agosto para 16,4% em setembro. Esta tendência de recuperação dos índices de aprovação do Executivo também foi apontada há duas semanas, quando uma sondagem do Ibope encomendada pela Confederação da Indústria (CNI) foi divulgada.

A aprovação pessoal ao presidente também subiu, só que de maneira mais discreta: para 58,8% dos entrevistados, o desempenho de Lula é positivo, contra 58,1% que pensavam da mesma maneira em agosto. No mês passado, 32,8% desaprovavam o presidente, número que recuou para 30,7% este mês.

"O crescimento reflete a melhora da economia no País. Mas é uma euforia cautelosa, tanto que a avaliação pessoal de Lula permaneceu praticamente estável", afirmou o presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Clésio Andrade.

A pesquisa CNT/Sensus ouviu duas mil pessoas entre os dias 21 e 23 de setembro, com margem de erro de 3%, para mais ou para menos. Para 41,7% dos entrevistados, a política econômica vem sendo conduzida de forma adequada ou está no rumo certo. Outros 37,6% a consideram inadequada. Em agosto, estes percentuais eram, respectivamente, de 38,7% e 41,7%, o que demonstra uma inversão no otimismo do brasileiro quanto aos rumos da política econômica do governo petista.

A pesquisa CNT/Sensus aponta, contudo, que os acertos nos rumos da política econômica ainda não se materializaram de forma clara no imaginário da população. Para 48,1% dos entrevistados, não houve qualquer melhora no desempenho da economia brasileira nos últimos meses, contra 41,5% que acreditam que ela melhorou.

Mas é nítido que, dentre os mais otimistas, os bons ventos sopram com intensidade. Dos 41,5% que detectaram alguma melhora na economia brasileira, mais da metade (51,7%) acreditam que o crescimento verificado não vai parar mais. Para 10,5% dos entrevistados, ele vai durar dois anos ¿ tempo que resta para a conclusão do mandato de Lula. Outros 9% apostam num crescimento mais longo ¿ quatro anos ¿ enquanto 8,7% antevêem um fôlego mais curto de crescimento ¿ apenas seis meses.

Tendo a economia como carro-chefe, a avaliação positiva a outros setores do governo também melhorou. Para 59,5% dos entrevistados, o governo vem trabalhando para aumentar o nível de emprego no País, contra 34,9% que pensam o contrário. Ainda nesta área, 55,7% dos entrevistados conhecem o programa Primeiro Emprego, dentre os quais 66,6% acreditam que ele dará certo. Por outro lado, 42,3% afirmaram não conhecer o Programa.

Para 40,8% dos entrevistados são eficazes as ações adotadas pelo governo para resolver os problemas do país ¿ em agosto, esse percentual era de 35,8%. Já a opinião de que as ações são ineficazes correspondeu a 42,6% dos entrevistados, contra 43,8% que tinham a mesma opinião há um mês atrás.

Uma análise mais setorizada também demonstrou que a população apóia ações do governo que vem sendo conduzidas de forma titubeante. Para 41,3% dos entrevistados, as ações na área social estão sendo conduzidas de forma adequada, contra 38,1% que desaprovam a atuação do governo na área. No campo político - onde o Planalto debate-se com a paralisia do Congresso em votar projetos relevantes - os números não são tão favoráveis. A condução da área política está adequada para 38,2%, contra 39,5% que pensam o contrário.

Seguindo o ditado que diz "está bom, mas pode melhorar", 50,7% dos entrevistados acham que o governo faz menos do que poderia - no mês de junho este percentual era de 58,9%. No outro lado da balança, 26,9% acreditam que o governo Lula está fazendo mais do que poderia, um número bem melhor do que os 16,4% detectados na mesma questão, feita em junho.

"Apesar da recuperação relativa, do ponto de vista absoluto, o sentimento em relação ao governo ainda deixa a desejar", resumiu o diretor do Instituto Sensus, Ricardo Guedes.

Moradores de rua

A pesquisa CNT/Sensus divulgada mostrou que a maior parte dos entrevistados vêm acompanhando a série de assassinatos de moradores de rua em São Paulo. Dentre os pesquisados, 88% tiveram conhecimento ou ouviram falar da série de crimes na cidade de São Paulo.

A pesquisa mostrou também que, para 39,8% dos entrevistados, o desemprego é a maior causa da existência de pessoas morando nas ruas brasileiras, seguido pela miséria (25%), falta de assistência social (12,9%), falta de assistência familiar (10,4%) e problemas psicológicos (6,5%).

Para a esmagadora maioria dos pesquisados (86,6%), os governos ¿ federal, estaduais e municipais ¿ devem se responsabilizar por dar abrigo e assistência aos moradores de rua. Outros 5,8% defendem que a proibição de que as pessoas morem nas ruas e apenas 3,2% não vêem necessidade de qualquer tipo de intervenção governamental para solucionar o problema.