Título: Risco e dólar caem em dia de boas notícias
Autor: Silvia Araújo/InvestNews e Alessandra Bellotto
Fonte: Gazeta Mercantil, 29/09/2004, Finanças & Mercados, p. B-1

Mais uma vez o ambiente interno foi responsável por amortecer o impacto do avanço das cotações do petróleo sobre os negócios no mercado financeiro doméstico. O barril do óleo voltou a superar a marca de US$ 50,00 (o WTI), mas fechou cotado a US$ 49,90 em Nova York. A contrapartida veio da elevação do rating do Brasil pela agência de classificação Fitch, que contribuiu para a queda de 0,65% do risco-País, fechado em 483 pontos. No final do dia, o C-Bond, principal papel brasileiro, subia 0,4%, para 98,68% de seu valor de face. O dólar reverteu o movimento da sessão anterior e cedeu 0,24%, negociado a R$ 2,867.

"Foi um dia relativamente tranqüilo, mas poderia ter sido melhor por conta do upgrade do Brasil pela Fitch", afirmou o chefe da mesa de operações do Banco Santos, Rodrigo Boulos. Segundo ele, a alta do petróleo "estragou" o cenário positivo. O profissional acrescentou que, no caso do mercado de câmbio, o baixo patamar do dólar levou a uma busca por "hedge" (proteção). "Não é um movimento forte e nem significa dúvida em relação ao Brasil. Trata-se apenas de um momento favorável para se começar a fazer hedge", explicou.

Além da elevação do rating, a cotação do dólar reagiu à entrada de moeda, decorrente das captações recentes no exterior. A tendência para a moeda, segundo Boulos, é positiva. "A incógnita é o petróleo", alertou. Hoje, a atenção dos investidores estará focada na divulgação dos estoques de petróleo pelos Estados Unidos. "As perspectivas são bem negativas. Se o dado não for tão ruim, os mercados devem apresentar melhora", disse Boulos.

A Fitch elevou a nota dos títulos de longo prazo da dívida brasileira em moeda local e estrangeira de "B+" para "BB-". A decisão da agência - atribuída ao desempenho do País no setor externo - acompanhou o movimento da Standard & Poor¿s, que subiu o rating do País no começo de setembro para os mesmos "BB-". A Moody¿s também melhorou a nota do Brasil neste mês - no entanto, nessa escala o País continua um degrau abaixo se comparado às demais agências.

A instituição destacou ainda as recentes medidas adotadas pelo governo, de aumentar o juro em 0,25 ponto (para 16,25% ao ano) e do aumento da meta de superávit primário, de 4,25% para 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB), como sinais de firme compromisso do governo com a estabilidade.

Os ativos financeiros também repercutiram positivamente a pesquisa CNT/Sensus, indicando que a popularidade do governo e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva cresceram, refletindo a melhora do ambiente econômico. Segundo a pesquisa, a avaliação positiva do governo passou de 38,2% em agosto para 41,3% neste mês.

Juros futuros estáveis

Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), as taxas de juros apontaram relativa estabilidade. Abril de 2005 - que passou a liderar as negociações - projetou os mesmos 17,12%. Apenas os contratos com vencimento a partir de 2006 sinalizaram recuo